segunda-feira, fevereiro 26, 2018

Três poemas de Junior Della Mea

Andar com Deus

Escolher andar com Deus é desistir da minha própria vontade.
Escolher andar com Deus é ter o privilégio de amar como Ele ama.
Escolher andar com Deus é ter a possibilidade de observar as situações da vida pelos olhos dEle.
Escolher andar com Deus é arrancar, à força, as “cartas na manga”.
Escolher andar com Deus é ver o que ninguém vê, sentir o que ninguém sente, ouvir o que ninguém ouve.
Escolher andar com Deus é sentir paz em meio a guerra, ser luz em meio as trevas.
Escolher andar com Deus é viver os dias com os olhos e o coração focados no GRANDE DIA.
Escolher andar com Deus é fugir da religiosidade e de todo ativismo que nos “prende”.
Escolher andar com Deus é fazer do pecado seu maior inimigo.
Escolher andar com Deus é viver pela fé.
Escolher andar com Deus é restaurar sonhos, viver planos e experimentar de vida abundante.
Escolher andar com Deus é afastar-se das “coisas” que não O agradam.
Escolher andar com Deus é viver com os pés na terra e com o coração no céu.
Escolher andar com Deus é compreender que sou amado, respeitado e valorizado por Ele.
Escolher andar com Deus é ter um coração pronto para servir.
Escolher andar com Deus é ser embaixador de Cristo, na terra.
Escolher andar com Deus é permitir-se ser remido e lavado pelo precioso sangue do Cordeiro de Deus.


Carta ao melhor Pai do mundo

Pai,
Estou escrevendo esta carta
Para lhe dizer o quanto o
Senhor é importante pra mim.
O quanto Te amo e o quanto Te adoro.
Sei que muitas vezes as minhas ações
Não condizem com aquilo que tenho lhe falado,
Mas quero que o Senhor saiba,
Que o Senhor é o meu tesouro, - é tudo pra mim.
Penso e fico lembrando
De quantas vezes, entrei no meu quarto,
E em silêncio chorei por algum problema,
Ou alguma situação que estava enfrentando.
O Senhor, com seu carinho, entrava bem devagar,
Para não me assustar, me abraçava e falava
Que era importante entender que, na vida, os problemas
podem ser oportunidades para crescermos e para amadurecermos.
Quantas vezes acordei
E o Senhor já estava alí com seu sorriso
Com uma palavra de alento que
Servia ao meu coração.
Muitas foram as vezes,
Na escola, na faculdade, no namoro e no trablho,
Em que eu não sabia para que lado ir,
E o Senhor me direcionou.
Quando tive frio,
O Senhor me cobriu,
Quando tive fome,
O Senhor me alimentou.
Pai, peço perdão por algo
Que devia ter feito,
e deixei de fazer
Por procrastinação.
Paizinho querido,
Quero te agradecer
Por tudo que o Senhor fez, Por tudo que tem feito,
E por tudo que ainda irá fazer.
Quero ser obediente
E fazer a Tua vontade,
Pois, Teus planos são perfeitos
E Tua vontade é soberana.
Eu gostaria de gritar
Para o mundo inteiro ouvir,
Que o Senhor é o melhor
Pai do mundo.


Teu amor me faz ser alguém melhor

Quando as minhas
Forças se findam,
E o meu coração
Deseja desfalecer.
Escuto do céu uma voz;
É o Senhor,
Deus do universo,
Agindo em meu favor.
Quando Ele age,
Quem pode impedir?
Quando Ele fala,
Quem pode replicar?
Ele é soberado,
Ele e maravilhoso,
É tremendo...
É grandioso.
Como poderei
Temer a morte,
Se esta já foi vencida
Por Ele na Cruz do Calvário.
Como poderei
Murmurar da vida,
Se Ele permitiu que eu
Vivesse abundantemente.
Como poderei eu
Reclamar do que tenho,
Se o que tenho
É mais do mereço.
É tão saber
Que o Senhor
Peleja por aqueles
Que são dEle.
É tão bom saber
Que o Senhor
Nos ama,
Mesmo quando falhamos.
É tão bom saber
Que o Senhor
Permanece fiel,
Mesmo quando nos rebelamos.
É tão bom saber
Que o Senhor
Escreve certo, com linhas retas;
E torto é quem não sabe interpretar.
É tão bom saber
Que o Senhor,
É mais do que Pai,
É tudo, em todos.

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terça-feira, fevereiro 20, 2018

A Heroína de Craonópolis, poema de Mário Barreto França

Noêmia Campelo

A Heroína de Craonópolis

Mário Barreto França

(Aos pioneiros das Missões Nacionais e à poetisa Stela Câmara Dubois, em cuja biografia de NoemeCampêlo foram inspirados estes versos.)

I
Na taba dos Craôs. Um grande vozerio
Faz a tribo acordar no altivo desafio
Contra o branco invasor, que tanto os provocava
E em suas possessões, sem ordem, acampava...
Por que essa gente má não os deixa tranquilos
E vive, sem motivo algum, a persegui-los?
Pois que seja maldita a imposição cristã
Que tenta os afastar do grande deus Tupã!...

II
Sentindo o impulso de vingar as dores
Que suportaram seus antepassados
Dos brancos maus e vis perseguidores,

O chefe dos Craôs, em altos brados,
Apertando nas mãos o seu tacape,
Dirige-se aos guerreiros inflamados:

– “Que nenhum branco dessa vez escape
À justiça das nossas próprias mãos!
Que a pedra da vingança, inda hoje, tape
As covas rasas desses maus cristãos!” –

III
Mas eis que a voz dos espias
Alegres notícias nos traz:
“Eles falam nossa língua,
Esses brancos são de paz!”

E o velho cacique espelha
No rosto a felicidade
E diz: – “Eu irei falar-lhes
Na voz da fraternidade.”

Seguem, com ele, os guerreiros,
Com ele, também, irá
A sua filha querida,
Sua esbelta Penuá.

Na clareira ensolarada,
Sobre um tronco de palmeira,
Sentada estava uma jovem
De castanha cabeleira...

Tinha nas mãos uma Bíblia
E nos céus fitava o olhar,
Na mais sincera das preces:
– O sertão cristianizar.

Essa jovem dedicada
Era Noeme Campêlo
Que, pelo Brasil caboclo,
Trabalhava com desvelo.

E, ao contemplar a indiazinha
Com seu bonito cocar,
Na simpatia dos santos
Pôs-se com ela a falar:

– “Filha de bravos guerreiros
Por amor de vossa gente
Eu vos trago, de bem longe,
Este livro de presente.

Ó aceitai Jesus Cristo
Que por vós na cruz morreu...”
Mas... da mata veio um silvo,
E a índia pra lá correu.

IV
Quando Noeme ouviu Zacarias Campêlo
Certo dia fazer um comovente apelo
Em favor do sertão, dos índios brasileiros,
Escravizados ainda aos instintos guerreiros
E às vãs superstições que os tornavam ariscos,
E ouvindo-o descrever os perigos e os riscos,
Por que passa, na selva, o intrépido cristão
Que lhes queira levar a civilização,
Ela sentiu, nessa hora, a chamada divina
À causa das missões... Era inda tão menina!
Porém, na mais sincera e grata adoração,
A Deus ofereceu seu jovem coração...

E, naquele momento, as suas almas puras
Uniram-se no amor de duas criaturas,
Cujo único desejo e vontade febril
Era pregar Jesus aos índios do Brasil.

Em casa, ao confessar ao pai, o seu desejo,
Sua resolução, seu decidido almejo
De levar o evangelho aos índios, ele disse:
– “Mas que temeridade, ó filha, que tolice!
Nas cidades também se prega, ao moço e ao velho,
As doutrinas de Cristo, e a graça do evangelho.
Fala, então, ao teu noivo e mostra-lhe as vantagens
De não ir ao sertão, nem pregar aos selvagens.”

Ela fala, porém: – “Se ele não mais quisesse
Ir aos índios, então, todo o meu interesse
Por ele findaria... E assegura-lhe, em pranto:
– “Sentirei vossa falta e da mamãe, no entanto,
Eu seria infeliz, se rejeitasse, ó pai,
A chamada de Deus!” –
                            E ele lhe disse: – “Vai!
Se Deus te consagrou a tão nobre missão,
Bendita seja, enfim, tua resolução!” –

V
Bem ao sul de Carolina,
Atrás de verde colina,
Surge a aldeia dos Craôs,
Circundada de palmeiras,
De copadas mangabeiras,
Entre o abraço dos cipós...

Aquela vida selvagem
Em tão longínqua paragem
Vai, agora, tumultuar;
É que Noeme Campêlo,
No mais humano desvelo,
O evangelho vai pregar.

A indolência, os maus costumes,
Lutas, desleixos, queixumes
E a falta de educação
Iriam ser condenados,
Como outros tantos pecados
Contra o Rei da Criação.

E a missão evangelista
Vai, de conquista em conquista,
Restaurando o índio incivil
À fé do cristianismo,
À consciência do civismo,
No coração do Brasil.

E o selvagem, que era triste,
Já sabe que Deus existe,
Que existe a Pátria também;
Já lê na sua cartilha
Tudo o que sabe e o que tem...
Mas esta felicidade,
Por uma fatalidade,
Vai, agora, terminar,
Porque Noeme, depressa,
A Carolina regressa
Para nunca mais voltar...

VI
Longe da esposa amada e do lindo filhinho,
Zacarias Campêlo enfrentava, sozinho,
A inclemência do tempo e a quase indiferença
Com que a tribo escutava a explicação da Crença,
Das lições da cartilha e de como empregar
A foice e a enxada, a fim de a terra cultivar.
Nisto, chega um recado infausto e doloroso:
– “Noeme passa mal!”
                                              O coração do esposo
Palpita de apreensões... Mas era necessário
Iniciar, sem demora, o longo itinerário
De volta a Carolina...
                                               A condução faltava...
Iria mesmo a pé... O corpo fraquejava...
Sem dormir, sem comer, apenas se nutria
Das preces que ao Senhor, aflito, dirigia:
– “Dá-me forças, ó Deus, pra vencer a distância;
E livra-me, Jesus, desta mágoa, desta ânsia! ...
Que o peito me asfixia! E concede, Senhor,
Que eu possa suportar esta tão grande dor! ...
Se é de tua vontade, a saúde e a energia
Restaura-lhe, Senhor, para a minha alegria!”...
Procurando vencer a fadiga e o cansaço,
Ao romper da manhã, ele, apressando o passo,
Descortinou ao longe a cidade...
                                                          Doirando
O casario, o sol vinha se levantando
No festivo esplendor da sua luz radiosa,
Saudando, em tudo, a vida alegre e majestosa...
Na su’alma, porém, chorava o sofrimento
Na dúvida cruel de um mau pressentimento...

Tinha que percorrer ainda longa estrada;
Mas a imagem da esposa, ingênua e delicada,
Sorrindo na su’alma, as forças lhe animava.

De tarde, chega em casa...
                                                    Um bom grupo rodeava
O leito de Noeme... Ajoelha-se, chorando...
Toma-lhe as frias mãos, beija-as, de quando em quando,
Dizendo-lhe: – “Querida, eu tenho orado tanto,
Que Deus há de estancar a fonte do meu pranto!
Em breve estarás boa e viverás contente
Dentro do nosso lar, junto da nossa gente...
E os céus nos sorrirão! ...” –
                                                   Ela, porém, responde:
– “Zacarias, eu sei que o teu amor esconde
Minha sorte fatal! Contudo, eu sou feliz
Porque Deus escutou as preces que lhe fiz
E te trouxe a meu lado! Eu sei que vou morrer,
Mas me sinto feliz... cumpri o meu dever! ...
Eu vejo o céu se abrir numa festa de luz
Para me receber, nos braços de Jesus!
Não chores! Mas sê forte e continua assim,
Os índios conquistando, em memória de mim...

Vós todos que me ouvis – menino, moço ou velho –
Aceitai, sem demora, a graça do evangelho!
Cantai, cantai comigo, este hino inspirador
De quem confia em Deus, pelo seu grande amor:

“Eu avisto uma terra feliz,
Onde irei para sempre morar
Há mansões nesse lindo país
Que Jesus foi ao céu preparar.
Vou morar, vou morar
Nessa terra celeste porvir!”

E diz: – “Por que chorar as cousas desta terra,
Quando o céu é tão bom e a salvação encerra?” –

E num último esforço ao se extinguir a vida,
Falou: – “Recebe, ó Pai, minha alma agradecida! ...”.

VII
Morta! É morta a primeira e grande missionária,
Resoluta, benquista, altiva, extraordinária,
Que, deixando o conforto e as luzes da cidade
E as várias diversões próprias da mocidade,
Resolveu ir levar as celestes mensagens,
No coração da Pátria, a todos os selvagens,
Pondo acima de tudo o sonho juvenil
De ver cristianizado o sertão do Brasil!

E foi; e se fez mãe, e amiga, e conselheira:
– A primeira mulher que, pela vez primeira,
Catequizando a Cristo os índios do sertão,
Cumpriu a mais gloriosa e esplêndida missão.

Morta! É morta a primeira e grande missionária!
Porém a sua vida excelsa, extraordinária,
Para sempre ficou brilhando como a luz

Do evangelho do Amor, da mensagem da Cruz!

Do livro Antologia de Poesia Missionária - Volume 3. CLIQUE AQUI para baixar.


terça-feira, fevereiro 13, 2018

IDADE DA ANSIEDADE, novo livro de J.T. Parreira para download



Egresso do movimento Por Uma Nova Poesia Evangélica, que a partir da década de 70 do século pregresso inoculou liberdade e profundidade artística à poesia cristã feita por evangélicos tanto no Brasil quanto em Portugal, João Tomaz Parreira segue, decorridos quase meio século, a municiar nossos olhos e corações com a sua poesia decantada, seus pequenos varais de signos onde luzes insistentes são dependuradas a brilhar. Uma poesia onde questionamentos e alumbramentos poéticos, metafísicos e existenciais entrecruzam-se a sinalizar um terno caminho, em tempos de crescente escuridão.
       Parte significativa da produção recente do autor está agora reunida neste breve Idade da Ansiedade, que com prazer ofertamos aos leitores.

Para baixar o e-book (formato PDF) pelo site Google Drive, CLIQUE AQUI.

quarta-feira, fevereiro 07, 2018

Quatro poemas de C. T. Studd


Antegosto[1]

Charles T. Studd
Tradução de Cesare Turazzi
                   
Quero ser como Jesus,
Ele que do Trono veio a descer
E por pecadores dignos do inferno
Viver, servir e morrer.

Deixando toda Sua glória,
Seu poder deixou de lado;
Seu prato de entrada: ah!, uma manjedoura!
Seu prato principal: crucificado!

Nós, tolos, O rejeitamos
E deixamo-lO,
O único verdadeiro Vitorioso
Que já viu esse mundo de pó.

Por homens, desprezado, rejeitado;
Por demônios, divinizado;
Por amigos, negado, abandonado;
Por anjos, glorificado.

Viverei e morrerei por Jesus,
Batalhando pelo que é direito,
Proclamando a salvação de Cristo
Aos pecadores à esquerda, à direita.

Não serei uma boneca de porcelana,
Vivendo no conforto do lar;
Mas serei um soldado cristão!
Que com Cristo ama andar.

Não me esgueirarei!
Tais palavras reverberam:
“E os seus compatriotas irão
à guerra enquanto vocês aqui ficam?”.

Antes um incrédulo,
Jamais confessando Seu Nome,
Do que, confessando-O,
Alguém que da batalha some.

Se pregasse e ensinasse
As bênçãos que podemos receber,
Eu não encalharia em Bretanha
Para mero falar e escrever.

Não diria aos demais: “Vão,
Os lobos requerem atenção;
Quanto a mim, agradarei as ovelhinhas
Que frequentam nossas assembleias.”

Eu não teria coragem de criticar
Os guerreiros em epopeia,
Se coragem não tivesse de
Deixar a barra de saia da Sra. Europeia.

Eu não seria um falastrão,
Com substantivos, verbos,
Frases e versos polidos,
Palavras tantas em aliteração.

Tais podem agradar senhoras,
E de ambos os sexos servos;
Um soldado, porém, elas nauseiam,
Irritam e dão nos nervos.

O coração dum soldado é simples,
E veraz, e bravo, e forte;
Não é dado aos sentimentos
Sensíveis de um mote.

As obras de um soldado
São forjadas em obras de ouro,
Ele não cultiva flores,
Ele reputa meras palavras por coisa de tolo.

Suas palavras, poucas e simples:
Ditas num supetão,
Chegam a soar como trovão,
Como que um raio do céu, um clarão!

Seus comandos são frios,
E concisos, e sonoros, e ásperos,
Mas movem sua artilharia,
Soldados a cem, a mil!

Seus homens estão fatalmente certos
De que, enviados à batalha,
O comandante não ficará em Bretanha
Com medo do calor da fornalha.

O “vá” do capitão significa “vamos!”,
Ele luta à frente de seus homens;
Nenhum prazer, riqueza mundanos
Seriam motivo para abandoná-los.

Assim Jesus guia o caminho
E protege-nos a retaguarda;
Ele permanece no pior da batalha,
E salva, e socorre, e exorta.

Hei de dar tudo por Jesus,
Como o valente Epafrodito,
Que arriscou a vida por Paulo,
O príncipe do exército de Cristo.

Como melhor viver, sendo Seu,
Do que dando tudo por Cristo,
Que viveu e morreu por pecadores,
Que dos céus desceu?

Viverei e morrerei por Jesus,
Guerreando pela reta justiça;
Proclamarei a salvação de Cristo
A pecadores, noite e dia.


Sem Justificativas

Charles T. Studd
Tradução de Cesare Turazzi

Nosso Salvador ordena:
Crendo em nossos corações,
Que preguemos a Salvação
Por toda a terra, a todas as nações.

O mundo está escancarado,
As terras já foram exploradas;
As dores e carências dos ímpios
Pelo Senhor só podem ser saradas.

Nunca tivemos tantos cristãos,
Nunca foram tão ricos e intelectuais;
Nunca se profissionalizaram tanto.
Por que desejamos o mundo mais e mais?

Engordamos de banha feito Jesurum?
Nosso fígado, ou cabeça, inchou?
Tornamos-nos paralíticos?
Ou surdos ao chamado que Cristo nos legou?

Quando navegar seria tão fácil?
De mar a ultramar, entroniza-se paz, paz;
Viajar nunca foi tão simples,
“Vaza-nos”, hoje, impetuosidade assaz.

Como fitaremos nosso Salvador
Quando, em glória, dos céus retornar
E perceber que, negligentes, deixamos
De mesmo sequer a uma tribo pregar?

Se os soldados ou marinheiros de Jorge V.
Fossem comandados a terra subjugar,
Jamais ousariam pestanejar e, furiosos,
Depressa a ordem viriam a abraçar.

Por que os soldados de Jesus
Tardam a obedecer a Sua voz, por sua vez?
Depressa! Mãos à obra, rememos. 
Precisamos de nada senão fé e intrepidez.

Vamos! Cessemos falatórios vãos sobre tradição,
Os quais invalidam a Santa Palavra do Senhor,
Afoguemos toda nossa pretensão anticristã
No inferno, e preguemos, aqui e no exterior.

Recusemos viver no prazer egoísta,
No acúmulo de bens;
Lutemos ou até morramos para libertar
Os povos para além do mar.

Destruamos nossas barreiras egoístas
E não nos conformemos com a derrota;
Devemos almejar intensas conquistas,
Senão perderemos como sempre.

Cristo foi um bravo guerreiro,
Também foram Paulo e Pedro;
Eles avançaram com tamanho ímpeto
Que o diabo mal aguentava de medo.

Eram dias áureos, não davam lugar ao egoísmo;
Afinal, eles guardavam a retaguarda companheira,
E venciam batalhas impossíveis,
Deixando o diabo sem eira nem beira.

Todo soldado corria visando vitória,
Ninguém engatinhava choramingando;
“O quê?! Parem prum cafezinho”, esse é o falatório
– “Vamos brincar um pouco de ciranda cirandando”.

Eles não vestiam coletes à prova de balas,
Cada um era sem medo e destemido;
Não ansiavam pelo fim do expediente
‘Té que o vencer estivesse garantido.

Se lutássemos assim,
A vitória já não nos teria chegado?
Mas é claro que sim e, assim sendo,
Qualquer pormenor a menos é pecado.

Cristo certamente iria conosco;
Cristo por nós velaria;
Cristo não nos deixaria vacilar
‘Té que não houvesse mais ceifar.

Resolvamos duma vez por todas:
Terminemos nosso trabalho ou morramos;
Poderemos o mundo evangelizar,
Se formos homens o suficiente para tentar.



Jesus Somente

Charles T. Studd
Tradução de Cesare Turazzi

Sim, eu viverei por Jesus,
Deitarei o mundo fora;
Sim, eu darei a Jesus
Minha vida, tudo, será agora.

Aleluia!, a Ele me entreguei,
E agora oro, e rogo
Para que eu possa, sempre,
Dizer: “somente Teu serei”.

Sou tão e tanto pecador,
Sou um tolo constantemente;
Devo agarrar-me a Jesus
E ser Seu aluno incessante.

Meu coração se encanta,
Mas não sei como viver;
Pelo gozo de pertencer a Jesus
Quem me dera mais me ceder.

Talvez eu imite Levi,
Que serviu um jantar servil,
Ocasião para Jesus
Salvar outro ser vil.

Oh, não será extasiante
Jamais separar-se dEle,
Andar e falar com Jesus,
Todo confiado a Ele?

Jesus, amigo sem igual,
Tão doce, veraz, forte;
Não fosse Sua amizade
Estaria eu sem norte.

Não há ser na criação
Que O possa superar;
Quanto mais O conheço
Mais meu próximo hei de amar.

Ah!, a alegria de conhecer a Jesus,
Traz paz e serenidade e calma;
Por amor a Jesus,
Entrego minha vida, de corpo e alma.

Prefiro servi-Lo
Na terra sofrendo perdas,
A ter meu trono em altos céus,
Pois assim não haveria uma cruz.


Amo batalhar por Jesus,
Por Ele corro qualquer risco;
Estivesse o perigo fora de cogitação
Onde estaria a diversão?

Negligenciar o comando de Cristo
De batalhar em terras distantes:
Igualmente é não conhecer o prazer de Jesus
Ao sair em batalha por Ele.

Eu amei o que Cristo ordenou,
É tão singelo e simples;
Perguntas obscuras não perguntou,
Mas simplesmente “Amas-me?”.

Perguntou a Pedro,
Que três vezes O negou;
Depois o comissionou
A pregar o Sacrificado que ressuscitou.

O Evangelho de Cristo salva perfeitamente,
Só Seu Sangue o pecado expia;
O segredo para sair da iniquidade
É olhar, fixo!, para Cristo somente.

O segredo para o poder é simples:
Obedeça a Deus, não a homens;
Nada senão tolice seria
Adotar outros planos.

Cristo comissionou Seu Espírito
Para ser o Capitão de Seus santos;
Não preciso de outro guia
Senão Seu Espírito Santo.

Ele não tolerará competição,
Deus é um Deus de ardor;
Cristo venceu e me comprou e por mim velou,
Somente Ele é meu Senhor.

Andarei na bendita liberdade divinal
E O seguirei onde quer que for;
Confiarei em Sua Palavra e presença,
Lutarei sem medo ou temor.

Alguns cristãos me chamam de tolo
O mundo diz que estou “fardado” a morrer;
Esperemos um pouco
E vejamos o que Cristo tem a dizer.

  
“Ele não tinha habilidades,
Talvez seu falar fosse um breu;
Mas fez o que ordenei,
Ele entregou tudo a Deus.”

Gostaria de ouvir dEle tais palavras,
Embora seja um tanto improvável;
Mas não me importo com a opinião do povo,
Afinal não estou perguntando se sou ou não aprovável.

Alguns permanecem, por bons motivos, em casa,
Já outros ficam sem razão ou causa;
Mas o covarde é o pior tipo, que apunhala
Pelas costas quem foi à guerra.

Cristo foi beijado no jardim
Por um amigo íntimo;
Suponho que outros o imitarão
Até que este mundo chegue ao fim.

Alguns são comissionados
Pelo Próprio grande Médico,
Mas recorrem a mãos humanas,
Que os deixam num canto esquecidos.

Como se estas conhecessem melhor do que Ele!
Ou suas palavras fossem de maior valor!
Eles se esquecem de que Jesus
É o lugar mais seguro deste mundo, onde quer que for.

 Alguns querem viver longamente,
Como se não pudessem morrer cedo;
Um dia com o Filho vale infinitamente mais
Do que um milhão na Terra ou na Lua.

Jesus é minha vida,
E a morte meu maior quinhão;
No Céu haverá prazer infindo,
Mas na terra a dor é nosso pão.

Se de fato crêssemos
Nas palavras de Jesus
Não temeríamos o futuro,
Pois Ele é Luz.

Quem conhece a Cristo como Professor
É um pessoa maravilhosamente tola;
Ela deixa esse paraíso terrestre
E “foge” logo para a escola!

Conheço pouco de mim mesmo,
Mas Jesus conhece tudo;
De alma exultante, canto e faço oração
Sob Suas asas, Sua proteção.

Maravilhoso é pertencer a Jesus,
Única vida que vale viver;
É gloriosamente divertido, é céu vívido
Quando por Ele só resta morrer.

Sem hesitação, avante!
Homens, suas espadas tomem!
Coração e vida a Jesus!
Abram as asas e voem!

Voem na salvação de Cristo
Até alguma nação pagã em trevas;
Não há motivo para pestanejar,
Jesus suas mãos irá segurar.

JESUS É NOSSA MENSAGEM!
JESUS É REI E SALVADOR!
JESUS É NOSSO ÚNICO CAPITÃO!
JESUS É TUDO, É ÚNICO SENHOR!

Avancem, homens em Bretanha,
Sejam bravos na Cruzada santa;
Avante! Tomemos posse                     
Das terras prometidas pelo Santo.


O Deleite do Cristão, na Terra e nos Céus

Charles T. Studd
Tradução de Cesare Turazzi

A ordem por Cristo dada é simples,
E deve ser obedecida;
“Pregai meu Evangelho
Por toda a terra”: Palavra dita e escrita.

Cristo não tem favoritos,
Ele viveu e morreu pela humanidade!
Todos devem conhecer Suas palavras
E ouvir Seu gracioso “Vinde”.

Intempéries encararei
Em terras desconhecidas,
Aonde ninguém jamais fora,
Pregarei Cristo a regiões sombrias.

Deixarei as noventa e nove
E buscarei pela uma que se perdeu;
Retorná-la-ei a Cristo,
Para que dEle ouça: “Você é meu”.

A jornada não será fácil,
A comida pode ter azedado,
O clima ser traiçoeiro,
Os homens uns endiabrados.

Mas e daí? Meu Jesus
Padeceu torturas e a cruz
Por mim, principal dos pecadores,
Para trazer-me à Luz.

Talvez morte e pobreza,
Ou pesar – ou dor – ou vergonha,
Mas e daí? Os mártires viveram
E sofreram sob a mesma sombra.

Não desejaria viver
Senão para lutar
Por Jesus Cristo e pecadores,
Sob sol, chuva, luar. 

E nalguma batalha feroz,
Eu amaria morrer lutando,
Ver Jesus retornando
Para levar-me aos céus.

E andando nas ruas de ouro,
De vergonha corarei,
E meu rosto esconderei
Até que minha coroa caia.

Coroa que Jesus ganhou e deu
A Seu Filho indigno,
Que tão pouco fez, e fez mal,
Mesmo imitando o Emanuel.

Mas se ela não cair, lançá-la-ei
Aos pés de Jesus,
E correrei e buscarei o lugar
Mais humilde entre os Seus.

E provavelmente chorarei copiosamente
Até que Jesus venha e seque meus olhos,
Pois perceberei a profundidade
De Seu grande sacrifício.

E verei que não posso voltar
E mais uma chance eu ter
Para servi-Lo mais e melhor,
E por Ele sofrer e morrer.

Então exultarei em êxtase
Junto a todos os santos:
“Glória a Deus, o Pai,
Ao Filho e ao Espírito Santo”.

Também a alegria de encontrar
Amados que haviam partido,
E assistir aos demais
Chegando, com gozo exprimido.

Oh! Que intimidade
Na família de Deus;
Imagine poder perguntar
O que quiser aos Seus.

Quero ouvir de Jonas
Como foi dentro do peixe grande,
E o quanto João Batista debochou
Ao ver sua cabeça numa estante.

Como Daniel se sentiu
Ao entrar na cova dos leões;
O que Gideão pensou ao sair
Com senão trezentos homens.

O que Nabuco[2] pensou quando
Viu os três quase gripados
Ao serem lançados à fornalha
Por não adorarem ouro forjado.

E o que sentiram quando souberam
Que haviam simplesmente
Caminhado ao lado de Jesus,
Que dos céus veio pelos Seus.

Vemos que Nabuco.
Foi pego de surpresa;
Atônito, aumentou o fogo
Para os três fazer de presa.

Precisamos duns homens feito
Sadraque, Mesaque e Abdnego
Para nos fazer uma visita,
E fazer a piedade vista.

Os três nos diriam que estamos atrasados,
E dementes, loucos até não poder mais ver,
Feito o pobre tio Nabuco. esteve
Antes de se arrepender.

Afinal, eis a estátua,
Que agora chega à cidade!
São tantos os devotos
A lhe prestar lealdade.

Ah, e o que Elias pensou no monte Carmelo
Ao enfrentar a poderosa multidão!
Eia!, como ele zombou dos baalins,
Debochando, chamando seu deus de fujão.

E o que os apóstolos sentiram e pensaram,
E o que disse a mulher
Quando, pasmados, viram Jesus Cristo
Ressurreto dos mortos, a viver.

Ah, as caretas cômicas dos
Magistrados filipenses 
Quando tiveram de pedir perdão
A Paulo e prestar-lhe benesses.

Ah, os pensamentos de Simão
Quando teve as correntes soltas;
Os portões, sacudidos, foram abertos
Feito o rugido de um grande leão.

E por que a pobre Rode pensou
Que seria caçoada, embasbacada,
Por dizer a todos que Pedro estava
À porta, batendo sem parar? Que pena!

Que tal os rostos dos saduceus quando
Dos pescadores escutaram:
“Obedeceremos ao Senhor, não a homens!”.
Ah, seus olhos se reviraram!

Bom, eles sabiam que Pedro
Negara ao Senhor, por medo
De mulheres, mesmo ambas
Nenhuma arma portando.

Eles devem ter se sentido como se
Houvessem comido ovos podres;
As pernas bambearam, a boca amargou
Ao ouvirem aquilo de Simão, aquele que negou.

Ah, ao ouvirem Pedro, com olhares de horror!,
Pedindo aos soldados romanos:
“Por gentileza, crucifiquem-me,
Mas não como a meu Senhor!”.

Sim, e como a multidão olhou
João enquanto o óleo fervia,
Mas ele começou a cantar
E ao Senhor só agradecia.

Não haverá diversão no céu?
Ouso declarar a todos
Que jamais haverá tanto riso
Quanto no paraíso.

O prazer será infindo:
Teremos um lar nos altos céus,
A perfeita família do Pai celestial
E o amor dos Seus, em tudo ideal.

Serviremos, entusiasmados,
O Mestre perfeito, e cada servo
Cantará a Cristo Jesus:
“Mais trabalho, para mim e para os Seus!”.

Todo coração resplandecerá ao contemplar
O rosto de Jesus, nossa Salvação;                  
Cantaremos, sim, a maravilhosa História
Da incomparável graça do Pai, oh Salvação!

Do livro Antologia de Poesia Missionária - Volume 3 (CLIQUE AQUI PARA BAIXAR).




[1] N. do T.: Por escolha do editor, dado o intuito-alvo da publicação, os poemas de C. T. Studd aqui publicados foram traduzidos livremente, sem escansão/metrificação.
[2] N. do T.: O autor, no original, utiliza uma abreviação para o nome Nabucodonosor, “Nebby”.

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