quarta-feira, julho 29, 2015

Três poemas de Heloísa Helena Zachello

Beaudier

Metamorfoses

 Salmo 40 :15 ao 17
2a. carta de Pedro:2–9

No mundo das massas, eu era um número;
No mundo dos números, uma conta zerada;
No mundo dos zeros, estava à esquerda,
E por esse motivo, eu fui descartada...

E já descartada, eu fui para o lixo;
E dentro do lixo, vivi feito bicho...
No mundo dos bichos, vi mansos e feras;
No mundo dos mansos, eu era ovelha;
No mundo das feras, um homem eu era.

No mundo dos homens, vi os bons e os covardes.
Passei a viver tão vago destino.
No mundo dos bons, só fiz Amizades,
Mas no dos cavardes, fiz meu desatino...

E do que me restou, eu penso agora
Nesta madrugada, já quase aurora:
“Preciso gravar estes versos meus:
Aos olhos dos mundos, não passo de nada,
Mas sou bem-amada aos olhos de DEUS!” 


De quem é a culpa?

( Um abismo chama outro abismo.....  Salmo 42:7)

Era uma vez um menino
a quem nunca faltou nada:
casa, cama, muito mimo,
comida e roupa lavada.
            Saía pra onde queria,
            sem prestar explicação.
            Pudera! Ninguém pedia!
            Não lhe deram educação...
Faltou-lhe ensinamento
do que é básico ao ser humano:
conhecer seu Criador,
Pai de Amor e Soberano.
            E assim ele cresceu,
            como simples animal
            que demarca território
            de forma irracional.
Seu mau gênio era tanto...
Não gostava de vizinho!
Pra família era um santo,
para o resto, um diabinho.
            Os pais sempre o defendiam,
            dando-lhe total proteção.
            E com isso, encobriam
            os erros do fanfarrão.
Se dele se dissesse um “ai”,
perto da mãe ou do pai,
a coisa ficava feia,
ameaçavam cadeia!
            Judiava dos pequenos;
            destilada palavrão;
            não respeitava ao menos
            mulher, homem, ancião...
Suas roupas eram de marca,
seu símbolo, o bady boy;
tênis, só os importados.
Vivia vida de herói.
            Em matéria de escola,
            ia de mal a pior;
            passava às custas de cola,
            e se sentia o maior!
Rebentava as carteiras,
acabava com os giz;
botava a classe inteira
a perder, o infeliz!
  
 Professor, à vista dele,
era um simples cacareco;
Um João Bobo, um Zé Ninguém;
Um palhaço, um boneco.
            Expulsaram-no, certo dia,
            por causa de tudo isso.
            Mas o pai veio a saber,
            e armou um rebuliço!
Apareceu na escola,
xingando só palavrão,
inocentando o filho
de qualquer acusação.
            Pôs culpa nos coleguinhas,
            e taxou o professor
            de incompetente, culpado,
            radical e acusador.
Levou embora o moleque,
que saiu todo emplumado,
sentindo-se poderoso,
pois pelo pai foi poupado.
           Quando aos dezoito anos,
            já sendo um meliante,
           foi pego pela polícia
           num horroroso flagrante.
Contratou-se advogado;
gastou-se muito, à toa,
pois nada deu resultado...
a justiça não perdoa...
            Por não ter sido criado
            como pessoa de fato,
            o moço ficou enjaulado
            igual a um bicho do mato...
Até hoje, o tal menino
que barbado bem ficou,
atribui seu desatino
a quem sempre o estragou...
            O pai nunca admitiu
            que havia sido um fiasco.
            Que acobertando o filho,
             não foi pai, e sim carrasco!
Já a mãe, por sua vez,
não quis assumir sozinha
a culpa, que era dos três,
e esquivou-se depressinha!
            Desde que o homem pecou,
            já vale bem o ditado:
            “quando a coisa é mal feita,
            ninguém quer ser o culpado.”


Bença mãe, bença pai!

    ( Salmo 53 )                

  Bons tempos, aqueles idos
  Em que até filho criado
  Não saía de sua casa
aÇodado, sem ter pedido
  A bênção dos pais queridos.

  Mas, não há mais Fé nos pais...
  Afrouxaram a consciência
  E multiplicaram seus ais...
  !
  Burlaram as LEIS DA VIDA;
  Exaltaram a ciência;
  Não cuidaram do indivíduo;
aÇaimaram sua Crença;
  A família está caída...

  Pulsa de longe a Esperança,
  A única que ainda resta
  Incólume desta matança.
  !
  Darwin mudou o esquema,
  Espalhando heresia.
  Ultrajou a Lei Suprema;
  Semeou sua teoria.

  Trouxe o materialismo,
  Endossando o ateísmo.

  A Escola aderiu;
  Baixou guarda pros ateus;
  E o mundo se dividiu, entre o
  Naturalista e DEUS.
aÇoitaram a Criação;
  Ousaram zombar da Fé;
  E deu no que hoje se vê...

  Fizeram do humano tão pouco...
  Insultaram sua História.
  Levaram a Vida à esmo...
  Hoje, O CRIADOR É O MESMO!
  O macaco, porém, morreu louco...

Visite o blog da autora: http://heloraiz.blogspot.com.br/



domingo, julho 26, 2015

Um poema de Charles Greenaway

John Steuart Curry

SE EU DESISTIR
Se eu desistir
O que ganharei?
Terminará a batalha? Ficarei livre?
Não, nem a porta se fechava, nem a batalha terminava,
Porque Deus teria outro para ficar na brecha
Se eu desistisse.
Se eu desistir,
O que farei?
Procurarei abrigo do calor? Esquecerei o clamor do perdido?
Por um tempo seria feliz, depois descobriria que já não o era
E gastaria o meu tempo orando para fazer algo
E dizendo a Deus, “porque desisti?”
Se eu desistir,
Descobrirei que Deus não desiste.
A batalha ainda rugirá, a Igreja marchará,
O vento soprará ainda, o Espírito continuará a encher,
E eu ficarei cada vez mais longe, meditando,
Perguntando, “Deus, porque desisti?”
Se eu desistir,
Que poderei dizer a Deus
Que me chamou,
ao povo que me enviou,
Ao pagão que confiou em mim para mostrar-lhe o caminho,
Ao Espírito que me anima dia após dia?
Deus, eu não posso desistir.
Se eu desistir,
Que seja quando eu morrer,
E não em vida, nem quando estiver insatisfeito,
Criticado, minimizado, esquecido,
Mas Deus, faz que o meu tempo de desistir
Seja quando eu morrer.

quarta-feira, julho 22, 2015

Trevas, Trovões e Trovas - Novo livro de Júnior Fernandes


O autor Júnior Fernandes acaba de lançar sua nova obra, Trevas, Trovões e Trovas, pela editora Penalux. O livro possui 82 páginas e fina edição. Tivemos o prazer de prefaciar o livro, prefácio que reproduzimos abaixo.

O livro pode ser adquirido no site da editora, AQUI.
Você pode ainda comprá-lo diretamente com o autor, escrevendo para: jrfernandes1000@gmail.com



A secreta tristeza de todo poeta é saber-se um exilado. É este leitmotiv que o fundamenta, e que, em moto contínuo, leva-o ao papel e o elege/condena a “trágico herói do absurdo” tal qual Sísifo. Cordeiro que vaga pela noite, o poeta é um estranho e mais, um estranhamento no ninho. Um furtivo enveredando por dimensões, tateando pelas falhas em suas costuras, em busca de brechas por onde continuar sua marcha de fugitivo e expedicionário. As dimensões são dimensões ou círculos da noite, da humana dor: a noite de dentro, a noite sua; a impenitente noite do mundo; e a noite sartreana, a noite (n)o outro. Um cordeiro-andarilho desgarrado, em busca de um redil, de paz, equalização.

Afinal, independente de sua concepção filosófica ou religiosa, de sua cosmovisão, o poeta é também um pré-ciente da Queda: sua dor exacerbada é o documento a atestar que há algo aprioristicamente errado com o homem; sua busca atávica pela beleza, seu anelo instintivo por redenção é a certeza surda, lacônica de que algo foi perdido, de que um dia expulsos fomos do Jardim.
      
Em Fernandes a angústia do poeta une-se à angústia do filósofo, e sentimento e erudição, fluição e cálculo interpenetram-se, estabelecem em conjunto filtros de percepção, maneiras de ver e de ver-se dentre a noite escura, e de perseguir as linhas de esperança semeadas pelo Cristo.
     
Sim, ele sabe-se um Dâmocles sobre quem paira a espada da morte, a iminência do trágico - trágico de certa forma já realizado na simples latência, na espera, no cansativo spleen baudelariano, esse status da Queda que como um corvo solapa os dias e noites do poeta.
      
Mas a noite não o paralisa. E ele avança, em passos e versos, pelo deserto escuro qual beduíno, intimorato mercador “de tudo aquilo que cabe na caixa de Pandora, no inferno de Dante”. Porém seu avanço não é cego; ele apodera-se de sua dor e caminha em direção à alba, ao alvorecer, a um porto e a um Guia, pois sabe que “quando Cristo morreu, o homem encontrou a possibilidade de se reerguer.” Um homem que, como Lázaro, ao som de um grito, ao som de um trovão rasga as amarrações da noite e desfaz-se da mortalha, rompe com o ilusório, debanda da caverna de Platão, e avança para Aquele que o chama, Aquele que chama.
      

Este Trevas, Trovões e Trovas marca o grato advento de um poeta de esmerada dicção, de um filósofo que, numa noite escura de sua alma, foi banhado pelo clarão transcendente, o mesmerizante fulgor desta espécie de mística maior que é a poesia e o seu exercício. 




sexta-feira, julho 17, 2015

Dois poemas de Gleide Rosalee


Minhas mãos

Contemplo, meu Jesus, as Tuas mãos...
Mãos que abençoaram a multidão;
que se uniram em oração,
alimentaram famintos,
ergueram os que fraquejavam,
as crianças afagaram...
Por fim, foram elas crucificadas por mim!

Bem ao Teu lado,
vejo a mão do meu irmão,
integrante da Igreja perseguida,
com todos os seus dedos
cortados, aviltados, fatiados,
por ter sido, ele, flagrado
em ler a sua Bíblia querida!

Olho, então, para as minhas mãos:
Que têm feito elas, a Teu serviço?
Inteiras, perfeitas, sadias,
ainda bastante fortes,
são elas tão somente usadas
para a Tua honra, para a Tua glória?

Bem sei que não...
Porém, agora, nesta mesma hora,
eu as levanto em adoração,
em entrega total e completa,
sem evasivas, sem reservas.

Tão somente eu Te imploro:
dá-me forças para cumprir
esse meu voto, que em temor
e com muito amor eu faço a Ti!



Ó Terra, Terra, Terra

Ouve a palavra do Senhor”!
Ouçam todos: ricos, pobres;
Ouçam, plebeus; ouçam, “nobres”:
Não tenhais deuses ante mim;
Os meus mandamentos cumpri.
Assim diz o nosso Criador,
Dos exércitos, o Senhor!

Uni-vos, ó nações da terra!
Colori a vossa bandeira
Com a doce alvura da paz,
E o verde que a esperança traz! 
Povos, unidos em elo,
Concordes, clamai em eco:
Jesus Cristo é o Senhor, confessai!
Para a honra, para a glória de Deus Pai!
 
Jr 22.29; Ex 20.3; Is 43.15; 17.7; Sl 24.10;
 Is 8.13; 1Co 15.57; Fp 2.11. 


Fonte: http://www.prazerdapalavra.com.br/

quinta-feira, julho 09, 2015

COMO QUEM IA PARA LONGE, contos de inspiração evangélica em livro de J.T.Parreira


      Este Como quem ia para longe é um livro sobre a Bíblia. Ou, fundamentalmente, sobre seus atores. Sob a pena do poeta, aqui as personagens bíblicas saltam para diante do leitor, vívidas – ganham em tessitura, têm como que expandida sua humanidade. A força da descrição faz a elas irmanarmo-nos de imediato. Caminhamos curiosos junto aos três que avançam para Emaús, no conto que dá nome ao livro. Em O poeta do Salmo exilado, onde o autor revisita um tema caro à sua literatura, o Salmo 137, sentamo-nos ao lado do exilado poeta-ancião que cisma, e suas dores, a existencial e a criativa, são nossas dores. Somos ora o irmão do pródigo filho, ora o cego Bartimeu - ou Pedro debatendo-se em suas contradições; revisitamos o angustioso Judas, de quem o autor, como Giovanni Papini em seu clássico Testemunhas da Paixão, decompõe os passos sombrios.

      Ao longo dos dezenove contos que compõem o livro, o dito e o não dito interpenetram-se, como é de praxe na grande literatura. A eficácia da expressão concisa, do hábil buril que extrai o máximo da palavra, e que o poeta alcança em sua produção poética, temos aqui fidedignamente reproduzida em prosa: contos curtos, que sustentam com segurança e maestria a tensão narrativa, envolvendo o leitor em seu jogo de construção/desconstrução das personagens bíblicas.

      Um pequeno volume de formidável literatura, tão superior a muito do que se vê hoje sendo comercializado nas livrarias, e aqui graciosamente ofertado pelo autor, neste e-book gratuito. Livro que já nasce imprescindível, dentro da infelizmente paupérrima seara da ficção evangélica, em seu gênero conto.

      Por tudo isso, lhe faço o convite, amigo leitor: Sente-se confortável. Apanhe um café ou uma outra bebida de sua predileção. E mergulhe neste conciso e aprazível exercício de arte narrativa.

Sammis Reachers

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