terça-feira, janeiro 28, 2014

J.T.Parreira entrevistado por Brissos Lino - 40 anos do Manifesto pela Nova Poesia Evangélica

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Entrevista publicada pelo blog Salmo Presente, do escritor e poeta lusitano Brissos Lino, com nosso professor João Tomaz Parreira.
Cumprem-se, dentro de dias, quarenta anos sobre a publicação do Manifesto por uma Nova Poesia Evangélica (NPE), simultaneamente no Brasil e em Portugal. Este documento histórico foi assinado no país irmão pelos poetas Joanyr de Oliveira, brasileiro (já falecido) e João Tomaz Parreira, português, e em Portugal também por Brissos Lino.
É tempo de fazer um balanço. Daí a longa entrevista a João Tomaz Parreira.

Entrevista de José Brissos-Lino (c)
Como historiaria o percurso da Nova Poesia Evangélica (NPE) em Portugal e no Brasil, a partir do Manifesto publicado em 1974, em conjunto com o poeta Joanyr de Oliveira?
Dê-me uns minutos para procurar nos meus arquivos da correspondência. Nada melhor do que este parágrafo de uma das cartas génese do Movimento, que me endereçou o poeta Joanyr, em Fevereiro de 1974. “Honrou-me sobremaneira a sua aquiescência em que lancemos um Manifesto, ou outro qualquer pronunciamento conjunto, em favor de uma Nova Poesia Evangélica” Os meus verdes anos deslumbraram-se e entenderam a proposta do poeta já consagradíssimo que era o Joanyr de Oliveira, que entreviu um intercâmbio criador entre poetas de inspiração religiosa, com o rótulo de poetas cristãos evangélicos, sobretudo modificador do discurso poético até aí vigente, modernizando-o, tornando-o fruto da criação constante e contínua porque a “poesia é negócio sério” e não apenas o versejar por “dor de cotovelo”, nas expressões humoradas de Drummond de Andrade.
Assim, o que resultou do Movimento e da Antologia de suporte que editamos, no Rio de Janeiro, foi um árduo trabalho que foi ganhando estrada com poetas novos, nesse tempo, como Brissos Lino (que assinou na primeira hora o Manifesto em Portugal), a Clélia Mendes, o Samuel Pinheiro e outros mais tarde no Brasil e no nosso país. Não posso esquecer aqui e agora, porventura, um dos mais próximos seguidores dos considerandos desse Manifesto, evidenciando a sua poesia no século XXI, o poeta Rui Miguel Duarte. Por isto considero que o Manifesto foi utilíssimo e continuará sendo, e cito aqui dois ou três nomes de poetas de confissão evangélica do Brasil, sabendo que há outros cujos nomes não me ocorrem agora: Samuel Costa, Rosa Jurandir Braz e, o mais jovem, Sammis Reachers, poeta e antologista, também esforçado e excelente editor de Poesia.

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Brissos Lino e J. T. Parreira em Santiago do Cacém, no Verão de 1975.


Considera que este Manifesto ainda permanece actual? Porquê?
Sim, actualíssimo. Verifico como leitor de poesia dita religiosa evangélica, ao longo destes 40 anos, que continua a haver um deficiente entendimento do que deve ser o discurso poético, a que regras de criatividade obedece, tendo em conta a estética moderna do trabalhar a palavra. Nesse Manifesto, a dado passo, diz-se o seguinte: considerando “que o apego a escolas ou correntes estéticas ultrapassadas vem comprometendo de modo muita vez irremediável o nível da poesia, notadamente a de conteúdo religioso e particularmente a da mensagem evangélica”.
Isto ainda acontece hoje e pior, como os meios ao dispor dos “poetas” ou, melhor dito, versejadores, são inúmeros, os blogues, os sites, a globalização da internet, piora a circunstância da má poesia. Dizia-se também que o “pieguismo” e o “derramado sentimentalismo”, “não dignificam a Arte”. Em 1974 como em 2014.
O citado “pieguismo latino”, citado no Manifesto, está definitivamente ultrapassado?
Não. Apesar de tudo, parece fazer parte do nosso ADN, e não anda longe da apreciação secular que Miguel de Unamuno fez de nós, ao chamar-nos “País das almas do Purgatório”.
Pensa que ainda faz sentido utilizar hoje, quarenta anos depois, a designação de “poesia evangélica”, uma vez que não parecem conhecidas designações como “poesia católica, ortodoxa ou muçulmana”?
Excelente pergunta. No decorrer destas quatro décadas tenho pensado nesse rótulo e verificado a falta desse enquadramento. Mas antes de chegar à resposta directa, deixe-me rodear a questão. Recentemente li um texto do poeta Octavio Paz sobre literaturas de fundação. Ele chamou, indirectamente, claro, a minha atenção para o facto de, quando se diz poesia chilena ou mexicana, estarmos perante um rótulo geográfico. O que deve contar são as tendências estéticas e intelectuais, como o Criacionismo ou o nosso Modernismo, por exemplo, como movimentos artísticos. Entende? Assim, “poesia evangélica” é um rótulo religioso, que pode ser decepcionante se o leitor não entender o discurso poético do autor, é um rótulo “geográfico”, se quisermos, que demarca uma região na inspiração poética e da formação religiosa do autor.
Todavia, “poesia evangélica” só subsiste se resistir a uma análise da teologia evangélica, e nenhum de nós ao escrever um poema “dito evangélico” vai buscar os tomos da teologia, seja ela de Karl Barth ou Rudolf  Bultmann, ou até as resoluções teológicas de Jonathan Edwards, ou as teologias calvinista e arminiana, para configurar os seus versos. Eu poderia, se quisesse, fazer um poema “budista” ou com raízes nos upanixades. Mas não seria honesto da minha parte nem me vejo a escrever poesia “assim”. Respondendo simplesmente à sua pergunta: hoje já não faz sentido nenhum. A linguagem poética e o fazer “poieticamente” o poema é que o devem definir. Agora que existem poetas evangélicos e católicos e muçulmanos, todos sabemos que existem.

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Considera conveniente e adequado que a Arte e a Cultura comportem uma carga ideológica ou filosófica em si mesmo? Pensa que devem ter uma agenda, ou o poeta limita-se a expressar apenas o que é e o que sente?
Boa questão, conveniente para os dias de hoje em que há agendas para tudo. Se entendo a sua pergunta no que concerne à “carga ideológica”, se o escritor, designadamente o poeta, escrever em função dela, corre o risco de estar a ser panfletário, seja em que área for. Os poetas da era soviética, com o realismo socialista, foram-no em muitos poemas. Alguns dos poemas do nosso Ary dos Santos, são-no. Poderia citar outros da poesia portuguesa da resistência ao fascismo.
Já quanto à “filosófica”, essa carga pode estar ligada à cosmovisão do poeta sobre o Mundo e o Ser. Vejam-se as Elegias de Duíno, de Rilke, os sonetos de Walter Benjamin.
De facto, para lhe responder sinceramente, no sentido que julgo ter dado à pergunta, o poeta não deve ter “agenda”, que não seja a Humanidade, as experiências do Ser, e, se for religioso, a relação necessária do Homem com Deus, exprimindo o que sente em relação ao que vê, transformando o seu olhar em poesia.  Platão disse-o, um dia, de outro modo: a poesia é a passagem do não-ser para o ser. Esta é a agenda.
Desde a publicação da sua primeira obra poética em livro – “Este rosto do exílio”– em 1972, o que mudou na sua poesia e porquê?
O modo e o tempo de abordar as mesmas questões. Deixe-me dizer-lhe, de uma maneira não intelectual nem filosófica, que foi a idade. Tinha 25 anos, embora esse poemário tenha inserido os poemas que julguei maduros para esse tempo. Acho hoje, sem falsas modéstias, que o desejo da estreia não obliterou preocupações literárias e líricas com o que, numa resposta anterior, já respondi. Esse livro, em 1972, apontava já para o desejo de uma “Nova Poesia Evangélica”. É costume os poetas rejeitarem os seus livros de juventude, eu não, porque são pontos de partida de uma linguagem poética e um modus facciendi que se dirige para um Ponto Ómega, para usar uma expressão de Teilhard du Chardin, que se atinge com a morte.
Em matéria de influências literárias, Joanyr reclamava-se de Lorca, Drummond, Neruda e outros. Que influências literárias mais importantes tem consciência de ter sofrido?
Muitas. Aquelas que refere na sua pergunta, também as tive e continuo a beber nessas fontes. Claro que existem algumas mais importantes do que outras. Foi muito importante para mim e para a poesia que pretendia escrever, o ter descoberto em 1972, Ezra Pound e Ruy Belo. E os nossos poetas da Poesia 61. Mas já desde 1965 que lia Pessoa e Sá-Carneiro. Outro poeta que me ajudou a crescer, foi o José Gomes Ferreira. E o discurso inovador da poesia do corpo da Maria Teresa Horta. Obviamente que ainda hoje procuro acompanhar todos os poetas de Antologia da nossa Literatura.
Por incrível que possa parecer, o meu 25 de Abril na poesia dita “evangélica”, deu-se uma semana antes quando, em Lisboa, comprei numa livraria de Campo de Ourique e li de um fôlego: “Defesa da Poesia”, de Shelley, uma obra teórica, só depois vieram os românticos ingleses, já que falei em Shelley. Hoje, aos 66 anos, navego muito nas águas mediterrâneas da poesia italiana e espanhola, Umberto Saba e Ungaretti e todos os poetas da Geração del 27 sem excepção. De resto, um dos meus livros “Contagem de Estrelas”, de 1996, decorreu de uns versos que li de Gerardo Diego em Salamanca.

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Nos seus poemas J. T. Parreira lança mão de temas bíblicos e clássicos de forma recorrente.
Sim, porque, como sabe, a maior parte dos meus poemas têm uma religiosidade que advém da minha formação protestante, evangélica. Um pastor baptista muito conhecido nos meios da juventude, escreveu há dias que sou o único poeta arminiano que ele conhece (risos). Reparou, e é verdade, que não fujo a incluir na religiosidade também os clássicos, especialmente os poetas gregos e o latino Virgílio.
Assim como de temáticas ligadas à cultura contemporânea. Nota-se que o seu universo passa por poetas, escritores, artistas plásticos, bailarinas, actrizes, cantores e artistas do século vinte.  
Sim, obrigado por essa exegese, que eu resumiria em duas palavras: procuro ser universal, nos assuntos que toco. Não sei se o consigo inteiramente, mas tento. E faço-o sempre sob a égide de uma frase teórica, mas tão simples quanto definitiva, do poeta norte-americano Wallace Stevens: “O assunto do poema é a poesia”.
Todavia sente-se uma atracção especial pela temática do holocausto nazi na sua poesia. Passados mais de 60 anos sobre os factos, ainda se sente impactado pela matéria.
Sinto, de facto. É costume dizer-se “para que a Terra não esqueça”, é mesmo o título de um livro sobre o Holocausto.  Mesmo agora, como sabe, passado mais de meio século, foi publicado um documentário filmado por Alfred Hitchcock em 1945, aquando da chegada dos americanos a alguns campos de concentração, mesmo àqueles pouco falados, mas onde a visão dos cadáveres era atroz. Esse filme vai ser lançado em 2015. Pude vê-lo no Youtube com o horror nos olhos.
Esse impacto vem da juventude, foi uma temática que me apanhou na minha ingenuidade quanto ao Homem que não deveria ser o lobo do Homem. Os crimes da Alemanha Nazi, a sua história, Adolfo Hitler, a II Guerra Mundial foram leituras imensas que fiz nos meus dezassete anos. Sobretudo o que se relacionava com aShoah e a horrenda dizimação de 6 milhões de judeus, sobretudo as crianças judias.
Sei que a guerra é a continuação da política por outros meios, mas os Holocaustos não, são o retorno ao crime cainita numa escala planetária.

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Porque escreve poemas? O que pretende transmitir (se é que pretende), ou limita-se a “sentir com a imaginação”, como dizia Pessoa?
A resposta mais fácil à sua pergunta, seria seguir o que disse Pessoa. Também, mas tal como o Alberto Caeiro, escrever poesia, “ser poeta” é uma maneira de estar sozinho, todavia com o coração no Mundo, e aqui “Mundo” deve ser lido como humanidade e Criação Divina. Concluo a resposta, usando o verso final do poema que citou: “Sentir, sinta quem lê!”
Fazer Poesia, para si, trata-se essencialmente de um exercício de natureza espiritual, estética ou de outro tipo?
Dê-me alguns segundos para pensar, não vá eu contradizer-me (risos).
Em primeiro lugar, o exercício estético já contém em si algo de espiritual. Já Plotino que era um místico, no Século III integrou a Estética, cujo nome não se conhecia ainda, como uma parte da Teodiceia. E, digamos, fez a Teologia do Belo, isto é, da sensibilidade ao Belo, à beleza do universo que canta a grandeza de Deus. Desde o século XVIII, quando o vocábulo apareceu, que “estética” significava simplesmente a teoria da sensibilidade. Ora, em segundo lugar, a sensibilidade reside mais na área do espírito do que no corpo, no que concerne à Arte.
Sim, para mim, trata-se de um exercício de criação literária espiritual e estético. Penso ter respondido à sua pergunta. Ah, desculpe, não escrevo poesia com qualquer “outro tipo” de intenção, muito menos a de vender.
Como vê a edição e a divulgação da poesia actual e dos poetas portugueses de hoje no nosso país?
Numa palavra que é um lugar comum, a poesia, a edição de poesia em Portugal, é “o parente pobre”. São as edições de autor, as pequenas editoras, as marginais, que vão fazendo muita coisa pela Poesia. Falta em Portugal uma editora carismática como a “City Lights”, de S. Francisco, do poeta Lawrence Ferlinghetti.
No nosso país, comparo a essa, as editoras Cotovia e Assírio& Alvim. Mas as aquisições feitas pelos grandes grupos editoriais estão a destruir tudo, no que respeita ao “parente pobre”. O que é que os economicistas da Leya, por exemplo, percebem de Poesia, ou mesmo de Literatura séria? Mesmo atribuindo os prémios a autores que continuam “ desconhecidos”, mas compreende-se, isso dá jeito à redução do IRC.
Como operário da língua portuguesa, o que pensa do tão polémico AO/90?
Penso como muitos – será a maioria? – dos escritores e poetas portugueses que é um “Aborto Ortográfico”.  Para o AO/90 só pode haver uma resposta curta e grossa.

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J.T.Parreira, Lisboa, 1947. Poeta.
6 livros de poesia (Este Rosto do Exílio,1973; Pedra Debruçada no Céu, 1975; Pássaros Aprendendo para Sempre, 1993; Contagem de Estrelas, 1996; Os Sapatos de Auschwitz, 2008; e Encomenda a Stravinsky, 2011 ).
E-books na web: “Falando entre vós com Salmos: Cânticos Davídicos” , “Na Ilha Chamada Triste”, “Aquele de cuja mão fugiu o Anjo”, “Quando era menino lia o Salmo Oitavo”, “Nove Penas para Sylvia Plath” e “As Crianças do Holocausto”, entre 2010 e 2013.
Um ensaio teológico (O Quarto Evangelho-Aproximação ao Prólogo, 1988) e participação em Antologias.
 Escreve na revista evangélica “Novas de Alegria” desde 1964. Na juventude escreveu poesia e artigos no suplemento juvenil do jornal “República”, entre 1970-1972, sob a direcção de Raul Rego.
Apresentou comunicações, fez conferências e palestras sobre a Estética na Comunicação Escrita, a espiritualidade em Vergílio Ferreira, Fernando Pessoa, Bocage e Albert Camus, na primeira década do Século XXI.
Prefácios em livros de poesia.
Recebeu as insígnias de Doctor Honoris Causa, em Letras, pela Universidade Sénior de Setúbal, em 2010.
Está representado no Projecto Vercial, a maior base de dados da literatura portuguesa.

sexta-feira, janeiro 17, 2014

Retrospectiva Editorial/Ministerial 2013


Em inícios de 2013 tomei a iniciativa de escrever uma ‘retrospectiva’ de meu trabalho editorial/ministerial decorrido durante o ano de 2012.  Foi algo interessante tanto para mim, que sou tão ativo e esquecido, sempre pensando no próximo trabalho sem olhar muito para trás, e foi positivo também para os leitores, que puderam acompanhar o que foi feito, e conferir se deixaram passar alguma coisa, algum livro etc.
Pois eis que, com algum atraso, volto à carga e realizo aqui a retrospectiva do ano de 2013 (e deste comecinho de 2014).

Iniciei o ano criando aplicativos. Isso mesmo, foram três em sequência: o MissioBlogs, um aplicativo gratuito que reúne os conteúdos de 10 blogs evangélicos diferentes, todos eles blogs voltados para Missões.O app Veredas Missionárias, que além de reunir os conteúdos dos blogs Veredas, Arsenal do Crente e Equattoria, traz ainda o conteúdo da página Veredas no Facebook, meu perfil no Twitter, além dos links das bibliotecas virtuais que mantemos. E criei ainda o DecaBlog Gospel, um aplicativo também baseado na leitura de Feeds como o MissioBlogs, e que traz o conteúdo reunido de 10 blogs que mantenho, ou onde colaboro.

Entre os meses de março e abril veio à luz o terceiro volume da Antologia Poética Águas Vivas (que até aqui tem mantido uma periodicidade bianual), apresentando desta vez a obra de oito poetas: os brasileiros Francisco Carlos MachadoGeorge GonsalvesHeloísa ZachelloJohn Lennon da SilvaJulia LemosSilvino Netto e Sol Andreazza, e o lusitano Manuel Adriano Rodrigues.

Logo em seguida (maio), publiquei meu primeiro livro impresso (também disponível como e-book gratuito), DEUS AMANHECER.

Em agosto, mais um presente editorial para os amantes de Missões e para toda a igreja: o segundo volume daAntologia de Poesia Missionária (o primeiro saiu em 2010), reunindo poemas de nossos autores clássicos como Myrtes Mathias e Mário Barreto França, ao lado de novos valores, e ainda uma vasta seleta de frases e citações sobre Missões e Evangelização, como apêndice ao livro.

Em outubro veio a lume a Antologia Teatro Missionário, trabalho (muito árduo! rsrsrs) feito a quatro mãos com minha amiga Vilma Pires, onde atuamos como antologistas e também autores.

Em dezembro, mais por Missões: saímo-nos com a Revista Passatempos Missionários, reunindo cruzadas, caça palavras, quizzes e muito mais.

E agora em inícios de janeiro (embora organizada também em dezembro) publicamos a Revista Humorejo – Humor Gráfico Evangélico. Uma compilação inédita reunindo a arte humorística de 17 artistas cristãos, em charges, caricaturas e histórias em quadrinhos.

Também neste início de janeiro ficou pronta a segunda edição revista e ampliada de meu livro Poemas da Guerra de Inverno, cuja primeira edição veio a lume em 2012. Agora em versão impressa, com novos poemas, publicado pelo Clube de Autores.

Nos blogs, o trabalho continuou firme, com constância e qualidade, principalmente nos blogs principais: o Arsenal do Crente, com muitos recursos gratuitos e de utilidade para o cristão, para download gratuito; o Poesia Evangélica, sempre buscando dar voz a autores inéditos, para promover e incentivar a poesia evangélica, sem esquecer do resgate histórico; e o Veredas Missionárias e Equattoria, com a divulgação missionária, estudos, recursos para download e muito mais.
O trabalho continuou firme também nos blogs colaborativos, como o Imagens Cristãs, o Cidadania Evangélica (agora com nova colaboradora, Sara de Paula), o Confeitaria Cristã, o Liricoletivo e o literário Mar Ocidental. E também, claro,  no blog e redes da União de Blogueiros Evangélicos.
Embora eu precise admitir que no ano que findou diminuí o ritmo em alguns blogs (salvo nos já citados principais), em virtude mesmo de ter focado mais pesadamente nos trabalhos editoriais, que exigem-me sempre muito tempo e atenção (e neurônios operando à toda carga rsrs).

As Bibliotecas Virtuais Letras Santas (4Shared) e Veredas(Scribd) seguiram sendo supridas de bastante conteúdo, e no Scribd novas pequenas pastas foram criadas, comoTeatro Evangélico e Imagens Cristãs.


Bem, se você tem sido servido, auxiliado ou tem apenas se agradado do trabalho feito até aqui, continue orando por mim, para que o Senhor sempre supra minhas necessidades em todos os campos, e me dê criatividade, capacidades e perseverança para continuar militando. Minha vida tem sido mais difícil do que deixo transparecer, e olha que meus poemas tristes dizem muito de mim rsrsrs. Mas somos soldados e há uma guerra em andamento, que requisita o que cada um de nós tem de melhor. Avancemos, pois, em direção à consumação de todas as coisas, no seio de Cristo Jesus.

Sammis Reachers

domingo, janeiro 12, 2014

Dois poemas de Kelvin Fernandes



Coroa Cruel

Não sei se plantado e cultivado, não sei se nascido
Mas ele estava lá observando toda aquela gritaria
Ressecado pelo sol causticante da helenizada Judá
As pontas que lhe eram características estavam afiadas
A areia do deserto árido permeava-lhe todo
A beira do caminho ali estava. Esperando a sua hora

Não sei se com faca, não sei com mãos calejadas
Mas ele foi arrancado e cuidadosamente amaneirado
Seus pequenos galhos envergaram-se sim
Formando com suas extremidades uma rústica coroa
Tirada a sua areia e batidas as suas sujeiras
Já não estava mais à espera, pois chegara a sua hora

O abrolho tinha agora uma fronte para acomodar-se
Inocente fronte de um homem que nada devia
Mas ele ajeitou-se sim, com a ajuda de um caniço
Já não era mais um figurante a beira do caminho
Agora coroava um Rei. O Rei dos reis.
Em vez de areia, agora havia sangue em suas pontas

O indelicado espinheiro começa sim, a martirizar o Rei
Aliado aos bofetões ele torturava o filho do homem
Anexado as agressões ali estava ele, no alto. Imponente
De espectador à participante do espetáculo em momentos
De observador à observado em instantes
Os espinhos antes ressecados agora estão regados de suor 

Todo rei necessita de coroa, mas esta foi cruel
Feriu o grande e nobre Rei. Torturou o bom Senhor
Mesclada aos seus cabelos ela ali permaneceu
Ouvindo as palavras que vivificaram os mortos pelo pecado
"Perdoa-lhes eles não sabem o que fazem"
Antes de o seu suspirar, ela atentou para frase "Está consumado".



Que Rei era esse? Que coroa foi essa?
O seu nome era Jesus Cristo. O maior Rei com a coroa mais dolorosa!

Texto base: "E os soldados o levaram dentro à sala, que é a da audiência, e convocaram toda a coorte.
E vestiram-no de púrpura, e tecendo uma coroa de espinhos, lha puseram na cabeça.
E começaram a saudá-lo, dizendo: Salve, Rei dos Judeus!" (Marcos 15:16-18)


Comprando a Prostituta

Vivendo uma vida de constantes e duradouros declínios.
Assim era eu, prostituindo-me dia após dia.
Com meus amantes desfrutava eu de todas as concupiscências.
Deitando-me em leitos de profunda idolatria.
Com as migalhas de pão e vinho acostumei-me a viver.
Com o rosto desfigurado e profundamente triste.

Esqueci-me das promessas de que um dia me casaria com Ele.
Afundando-me fui, em antros de prostituição.
Condenada fiquei. Adquirindo assim a "ira" d'Ele.
Cega em embaraços cautelosamente colocados diante de mim.
Não mais esperava esse tão prometido casamento real.
Fiquei à venda, a espera do primeiro que ousasse comprar-me.

Baal por várias vezes quis me comprar, mas não.
Ele jamais permitiu esta fajuta negociação.
Em silêncio Ele sempre me protegeu de todos os compradores.
Mesmo que eu não o desejasse mais, Ele ainda amava-me.
Em minha mente já não havia mais resquícios d'Ele.
Em meu corpo já não havia mais a sua marca.

Em minha visão terrena, limitada e pobre
Eu já não mais o desejava como em outros tempos.
Por mais que o espera-se eu não mais cria n'Ele.
Em momentos de rebeldia passei a esquecê-lo.
No submundo em que vivia estava eu condenada.
Condenada a prostituir-se, adoecer e por fim a morte.

Mas o meu comprador desceu. Ele veio.
Da pequena Belém-Efrata Ele surge em humildade.
Seu pai terreno, um simples carpinteiro que lhe ensina o ofício.
Quando menos percebo a negociação começa cruel.
Com açoites e tortura Ele decide então comprar-me.
Não com ouro, nem com prata. Mas com o seu próprio sangue.


Nem prostituta, nem simples mulher.
Hoje sou a sua noiva. "A Noiva do Cordeiro".


quarta-feira, janeiro 08, 2014

Revista em quadrinhos evangélica - HQs, charges e muito humor em HUMOREJO


     Eis que no arraial dos crentes se faz ouvir um rumor sutil, um suave rumorejo de humor e graça, que vem crescendo, encantando e divertindo a todos em seu caminho. E isso através de uma galera muito talentosa que põe seu talento para servir – com a sutil arma do humor – a causa de Cristo.

    E para mostrar um pouco do trabalho dessa galera, surge a revista (gratuita!) Humorejo. Mas Humorejo é uma revista, um livro, um fanzine?  Antes de tudo, Humorejo é uma seleção do que se produz de melhor no humor gráfico cristão tupiniquim. Mas não apenas uma seleção de humor evangélico, mas de humor feito por evangélicos – pois a temática aqui, embora fundamentalmente ‘eclesiástica’, é livre. São charges, cartuns, caricaturas e histórias em quadrinhos, que apresentam todo o talento e a versatilidade de nossos artistas. Uma revista humilde e gratuita que vem a lume com o objetivo de mapear e apresentar aos leitores o fabuloso trabalho desses irmãos, dos mais variados traços e de diversas gerações.

    O humor é fundamentalmente crítico, e talvez, com seu caráter ‘inocente’ e seu franco poder de subversão, seja a melhor forma de crítica e de denúncia. E os artistas cristãos não se furtam a fazer humor com o que há de mazelas no meio cristão/evangélico brasileiro, mazelas que, como sabemos, infelizmente são muitas.

A revista traz ainda uma homenagem ao mestre Renato Canini (1936 – 2013), um dos pioneiros do humor gráfico cristão e muito conhecido por ter dado seu traço (e muito mais brasilidade e personalidade) ao personagem da Disney, Zé Carioca. E ainda a seção Rir É Pensar, uma seleção de frases e reflexões de grandes autores sobre o tema do humor e correlatos.

São 17 os artistas presentes: Daniel Cardial (Gospel Tiras), Dão, Diego Barreto (Caio, o Pardal Pensativo), Ewerton Leandro (E-L Toons),  Fabico (Reforma Desenhada), Fabio Torres, Fabrício Falco (Coisa de Crente e Humorgreja), Flamir, Izidro (Karapuça), Jasiel Botelho, Lobinho (Eu Sou Mais Crente Que Você), Luciano Ramos (Mermão), Mario Teixeira, Murilo Pruner (MassaToon), Renato Canini, Rubinho Pirola e Thunder (Cartoon Gospel).

Baixe a revista, leia e compartilhe com seus irmãos e contatos!

Para ler a revista online ou baixá-la pelo site Scribd,CLIQUE AQUI.
Para baixar pelo site 4Shared, CLIQUE AQUI.

Caso não consiga realizar o download, por favor, solicite-me o envio por e-mail: sammisreachers@ig.com.br

sábado, janeiro 04, 2014

PROMESSAS E ESTRELAS, um poema de Delcimar Sena



PROMESSAS E ESTRELAS

Abro a página da minha vida
e nela feito inexperiente poeta
vejo as ilusões, as dores, as angústias,
e um mundo de nuvens
sombreia a minha alma incompleta.

Não sei quais palavras devo falar
ou em versos descrever
um misto de sentimentos e virtudes,
um anseio de verdades e lágrimas,
uma indescritível vontade e outra vicissitude
de ver as estrelas como elas são:
incontáveis aos nossos olhos,
rubras como o coração.
Então lembro-me feito criança
que o universo inteiro canta uma canção
de som insondável e de esperança,
e inestimável poema rasgou o véu
quando do alto ouviu-se o clamor do céu.

As pedras também cantam,
lamentam, choram, soluçam abrolhos,
margeiam a estrada que de um lado a outro
deixaram marcas e feridas nos olhos.
Quem me dera que os espinhos,
os cravos, o martelo, o escárnio,
o sangue no chão, a carne despedaçada,
o rosto desfigurado, os gritos, os gemidos,
e a lança que trespassa a mágoa
fosse como um prego:
metal amargo que atravessa a alma
toda vez que não te enxergo.

O pensamento descrente e inquieto
vê ao longe na linha do horizonte
surgirem numerosas fagulhas de luz,
e entre elas está Aquele
que brilha mais do que o Sol,
mais esplêndido do qualquer astro,
mais formoso do que qualquer rosto,
mui sublime e maravilhoso,
único e incomparável, nome composto,
brilho de beleza que não se traduz:
excelente, glorioso, é o Senhor Jesus.

E diante da tua grandeza
abro novamente a página da minha vida
e nela feito redimido poeta
minh'alma sem ti fica cega, incompleta.
Outra vez olho o rasgado véu
e entendo e creio e sinto
que por causa de teu sacrifício e sangue
meu mundo não é mais exangue,
teu propósito não será extinto.
Transponho meus passos, meus caminhos,
sobre as tuas antigas veredas
e rendo-te em verso e rima e estrofe
o louvor, para quem me livrou da morte,
a glória, para quem mudou minha sorte.

Sou como uma árvore em cuja esperança
está arraigada as minhas raízes,
ainda que seja cortada renovará
e não cessarão os seus frutos.
Se o meu tronco morrer no pó
ao cheiro das águas brotará
e como planta será o seu renovo.
Não importa a tempestade, as crises,
os momentos dolorosos, os dias difíceis,
não há nada que o amor não realize.

Ergo constelações de frases e poemas,
levanto o teu nome, abraço teu estandarte,
firmo meu sonho na tua verdade,
as tuas promessas vou todas conhecê-las!
O universo então desprende-me um sorriso
e como uma criança em frente das estrelas
corro para os teus braços
e de forma tranquila e meiga
tua face hei de beijar,
assim como o pai corre para o filho,
e no meio do caminho o abraça e beija.

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