terça-feira, junho 29, 2010

Dois poemas de Fernanda Guimarães

*
 "Lighthouse By Adriatic Sea, Rovinj, Istria, Croatia" Photographic Print
by Keren Su

Minha Fórmula de Adoração

Devemos fazer sim daquela canção uma oração
Falando a verdade, gosto de fazer da oração uma canção
Cada um se expressa de uma forma
E ele aceita todas elas
Esse é meu jeito de mostrar a mulher
A mulher que sou, o ninguém que sou
Diante do tudo, nada sou
No passado até já fui escrava
A minha Lei Áurea foi espada e a morte de alguém
Que por todos se deu
Até pelo Zé ninguém sofreu
Hoje Zé é servo, filho e noivo
Alguém lhe deu valor
Alguém lhe deu amor
E por isso hoje eu canto
E por isso hoje eu oro
E por isso hoje eu adoro



Só pra Você, Amigo

Acordei sem querer levantar
Tanto tempo sem lutar, tanto tempo sem querer
Te busco e te encontro, mas esse ‘parece’ não ser meu maior prazer
Peço perdão pela sinceridade
Quero mudar isso. De verdade!
Não é uma dor sufocante. Não é uma depressão
Mas é algo que mata aos poucos. Ilusão? Não.
Eu me alegro quando estou contigo, meu amigo
Sério. Não me arrependo de te ter, tanto que é isso que quero: você
Mesmo que nas palavras soltas do diálogo contigo pareça hipocrisia
Quando digo que quero ter o seu coração, não é por pura emoção
Nós vivemos de mudanças, e eu estou com minha mala pronta
Quero me mudar para os teus braços, Jesus

Visite o blog da autora:  http://www.faguimaraes.blogspot.com/

quinta-feira, junho 24, 2010

Três poemas de Luciano Motta

*

 Perto da Meia-Noite

Perto da meia-noite.
Cela sombria, suja, abafada.
Cárcere interior.
Dois homens.
Rasgados.
Inchados.
Latejantes.
Marcas profundas.
Varadas nas costas.
Feridas abertas.
Vergões.
Insetos.
Incômodos.
Espasmos.
Pés encerrados no tronco.
Bocas salgadas, empapadas.
Suor que arde os roxidões.
Estômagos desidratados, apertados, retorcidos.

Quase meia-noite.
Olhares se entrecruzam, se fecham, se elevam.
Sons da alma, canção de amor.
Dois adoradores.
Rasgados de si mesmos.
Inchados de paixão.
Latejantes de motivação.
Suplantam as dores.
Vencem os odores.
Emudecem o lamento.
Superam o momento.
Sobem aos céus e perfumam a Sala do Trono.

Não é mais meia-noite.
Amor extraordinário, Ágape, sobrenatural.
Explosão invisível.
Graça.
Compaixão.
Treme a terra.
Move o cárcere.
Abre as portas.
Despedaça a prisão.
Acalma o desesperado.
Salva o perdido.




(des)matar

machados
demais
cruzes
de menos


altares sem
lenha
fogo
virtual


arca
de papel
no dilúvio
das últimas horas



 AC/DC

Chronos se dividiu
Antes de Cristo
Depois de Cristo


Kairós apenas sorriu
Antes de Cristo em mim
Depois de Cristo em mim


Visite o blog do autor: http://versarviver.wordpress.com/

quarta-feira, junho 23, 2010

Concurso de Poesias no Centro Cultural da Bíblia

*
Como parte das comemorações do 62º aniversário da SBB, o Centro Cultural da Bíblia (CCB), no centro do Rio de Janeiro (RJ), promoverá em 10 de setembro seu I Concurso de Poesias. O evento, além de ser oportunidade aos novos talentos poéticos para apresentarem suas composições, também homenageará o conhecido poeta e pastor presbiteriano, Thiago Rocha.
Sob o tema “A Bíblia e a Natureza – Falando de Deus com Arte”, o concurso terá uma mesa julgadora composta por integrantes da Academia Evangélica de Letras do Brasil. As poesias apresentadas serão avaliadas sob os seguintes critérios: objetividade, fidelidade ao tema, estética e clareza de linguagem. Os 20 melhores textos serão publicados numa edição especial, juntamente com as obras do poeta Thiago Rocha. Já as cinco poesias mais bem avaliadas terão premiação especial.

No site da SBB , saiba como participar. A inscrição é gratuita! 
 

domingo, junho 20, 2010

VOZES CELESTIAIS DA POESIA CRISTÃ DE LÍNGUA PORTUGUESA I - Jefferson Magno Costa

*

Jefferson Magno Costa

CANTO SOBRE AS ÁGUAS DA ILHA
José Santiago Naud

 

Eu, poeta, profeta, biógrafo de Jesus Cristo,
João,
Quero dizer aos homens
Como o mar se espraia na ilha,
E é linda a moldura do céu sobre os rochedos.

Eu, solitário, homem hebreu, peregrino,
Boanerges,
Quero contar às mulheres
Como o trovão é doce,
E é delícia o caminho que o raio traça nos céus.


Eu, habitante de Patmos, homem ancião, vidente,
Apóstolo,
Quero suplicar às crianças
Como as crianças são,
E pedir-lhes a conservação de sua humildade sem véus.


Eu que sou todos, dentro do amor que sofro,
E sou sábio, sob a luz do Paracleto,
E sou santo, pelo sangue de Cristo,
Quero dizer que não vos desespereis,
Homens de rede sem peixe,
E que compreendais o vento,
navegantes sem rumo,
E que vos perdoo doentes,
ao me arrancardes da ilha,
Para que gema convosco.


Eu, João Boanerges Apóstolo, biógrafo
de Jesus Cristo.



CANTARES VII
(Filha do Rei)
Joanyr de Oliveira


Os teus passos, filha do Rei,
acariciam a face translúcida
do dia; os caminhos, os campos.



Teu andar se harmoniza
com o mar e os pássaros,
em louvações perfeitas.

O imaculado corpo, teu corpo,
Estende-se ao longo da paisagem,
bendizendo os ofícios do Sol.


Nas têmporas do monte,
teus olhos equilibram as águas
construídas em meigo azul.


Ramos ataviam as alturas.
A cabeça nívea, serena.
A cabeleira flutuante no tempo.

O esquio porte, de palmeira.
Espargem teus cachos na Terra
taças de unções indizíveis.

Tens aroma – que estremecem e inebriam
as várias colunas da noite,
porque beijas o soluço e a dor

e os transmudas em flores.
Bem-aventurados teus filhos,
ó vero amor de delícias!

Sobre as piscinas de Hesbom,
deslizando as saudades antigas,
mosto de romãs, perfumes.

Bem-aventuradas tuas sandálias
sob a altiva torre do Líbano
e as frontes iluminadas do Eterno!


    No dia em que o primeiro homem ergueu o seu olhar para o céu e entoou um hino de louvor e agradecimento a Deus, nasceu a Poesia Religiosa. Era a mais bela e sublime poesia jamais brotada de lábios humanos. Depois Abel ofereceu a Deus as primícias dos seus rebanhos, acompanhadas de orações tão puras quanto o seu coração; os patriarcas registraram o relato de suas grandiosas peregrinações, os cânticos de Moisés e os Salmos de Davi foram ouvidos, e a harpa sagrada dos profetas ressoou, revelando os desígnios de Deus e inundando de beleza e majestade as páginas da Bíblia.
    Trazer uma mensagem nova (as Boas Novas) em linguagem contemporânea sem perder, contudo, o tom grandioso, inspirado e ungido dos poetas bíblicos, deve ser o objetivo de todos os que almejam propagar e enaltecer o nome de Cristo através da poesia evangélica.
    Os poetas evangélicos José Santiago Naud e Joanyr de Oliveira conseguiram alcançar em seus poemas um alto nível técnico e inspiracional.
    Há no poema de José Santiago Naud, Canto sobre as águas da ilha, uma tonalidade de céu e mar, uma amplitude e um ritmo que o aproxima da grandiosidade de muitas passagens bíblicas - aquele mesmo tom majestoso e grandiloquente que caracterizou o estilo do profeta Isaías e do apóstolo João.
    Há no poema de Joanyr de Oliveira, Filha do Rei, uma cadência suave, um fluir musical que nos faz lembrar o próprio caminhar leve e majestoso de princesa. Joanyr debruçou-se sobre a mesma fonte lírica (as pessoas, os costumes e a geografia da Palestina) de onde Salomão retirou os substratos para escrever o livro de Cantares (o  Cântico dos Cânticos).
    Mar, pássaros e campos se entremesclam com palmeiras, sandálias, piscinas de Hesbom e torres do Líbano. Joanyr (o meu grande amigo e confrade Joanyr, ex-companheiro de trabalho e um dos nossos maiores modelos de poeta exímio, que em dezembro último
partiu para encontrar-se e viver eternamente na companhia do Rei dos reis, e a quem estou devendo uma crônica neste blog) alcança uma plenitude lírica que o aproxima do gigantesco e universal poeta chileno Pablo Neruda, um dos cinco maiores poetas modernos da América Latina.
    No seu poema O Cântico Repartido (como em grande parte de sua vasta obra poética), Neruda usa elementos líricos extraídos da geografia de seu país. Eis um pequeno trecho do seu poema como exemplo:


Entre a cordilheira
e o mar do Chile
escrevo.

A cordilheira branca.
O mar cor de selva.

Regressei de minhas viagens com novos orvalhos.
E o vento.
Hoje entre mar e neve
e terra minha
eu depus os dons
que recolhi no mundo.

Eu regressei repleto
de uvas e cereais.

 

    Que os poetas evangélicos da atualidade acumulem uma atenta e vasta leitura das obras dos grandes poetas da língua portuguesa e de outras línguas, nomes que encabeçam as diversas listas de autores das literaturas antigas e modernas. 
    Que os poetas evangélicos não escrevam os seus poemas tão-somente impulsionados pela inspiração. Que sejam artesãos da palavra, operários habilidosos no difícil ofício de escrever poemas. Que conheçam e façam uso dos diversos recursos técnicos com os quais podem aprimorar suas composições.  
    Que sejam dotados de uma ampla perspectiva temático-poética, para que possam expressar poeticamente os temas de interesse do povo evangélico (fé, amor, gratidão a Deus, desafios existenciais, atitude diante da morte, esperança de vida eterna, e outros), e não meros poetas voltados para si mesmos, que só sabem expressar mediocremente suas frustrações, mágoas, dor de cotovelo. 
    Que tenham consciência de que escrever poemas é uma arte, e ser verdadeiramente um poeta evangélico é uma honra, um imenso compromisso assumido diante de Deus. Um ministério. 
    Portanto, meu conselho aos poetas evangélicos da atualidade é que não escrevam seus poemas confiantes e tão-somente movidos pela inspiração. Pois o produto final desta não passa, muitas vezes, de um atestado de incultura.

Jefferson Magno Costa
Visite o blog do autor:  http://jeffersonmagnocosta.blogspot.com/
 

quinta-feira, junho 17, 2010

Um poema de S. B. Kauer

*
 
Mais Impressionante

Mais impressionante que o dia
em que Deus separou as águas do Mar Vermelho
foi o dia em que removeu a separação em mim e Ele.

Mais impressionante que os pães multiplicados
Foi suscitar filhos onde só existiam inimigos.

Mais impressionante do que o dia em que a Terra parou
Foi o dia em que a morte me deixou.

Mais impressionante que o dia em que o surdo ouviu
Foi o dia em que Ele me chamou.

Mais impressionante que o dia de Sua ressurreição
Foi o dia em que decidiu morrer por mim.

Mais impressionante do que Jesus descer a Terra
é que agora eu posso subir ao céu.

Visite o blog do autor:  http://newsbkauer.blogspot.com

domingo, junho 13, 2010

Um poema de Alex Lira

 *

Regresso

Num instante, fantasias,
Cores, sonhos, prazer, festa.
Passou, como nuvens desmanteladas pelo vento.
Foi-se minha alegria,
Amigos, farras, folia.
O que sobrou? apenas lamentos.
Há um silêncio absoluto em meu ser.
Até a lembrança mais tênue me faz despertar.
Acordo. Caio em mim.
Mas, desta vez, o “cair” me levanta.
Decido. Só existe uma maneira de prosseguir: voltando.
Ensaio desculpas, algo que me faça parecer menos tolo.
Cabisbaixo, porém resoluto,
Faço o caminho de volta,
Por estradas que para mim são velhas conhecidas.
Temo. Tremo.
Não ouso fazer afirmações sobre o futuro.
Quando mais me aproximo sinto vergonha do que me tornei;
Sou apenas uma sombra pálida do homem arrogante no dia da partida.
Estou próximo, aumenta a certeza de que nunca deveria ter partido.
Parti teu coração.
Perdi-me, quando queria me encontrar.
Encontrei-me ao perceber o quanto estava perdido.
Os perfumes da tua casa me inundam com lembranças,
Retratos olfativos de um tempo em que a felicidade morava comigo,
Apesar de ser uma ilustre desconhecida para mim.
Meu coração acelera, minhas pernas trêmulas e cansadas anseiam por chegar.
Quando percebo, antes que qualquer frase me salte da boca,
Teu abraço, que me cala a voz,
Aquece a minha alma, e te ouço sussurar:
- Tu és meu filho amado !

Visite o blog do autor:  http://puroesimples.blogspot.com

sábado, junho 12, 2010

Um poema de Myrtes Mathias para o Dia dos Namorados

*

Bom dia amor!


Por favor, não me analise
Não fique procurando
cada ponto fraco meu.
Se ninguém resiste a uma análise
profunda, quanto mais eu!
Ciumenta, exigente, insegura, carente,
toda cheia de marcas que a vida deixou:
Veja em cada exigência
um grito de carência,
um pedido de amor!


Amor, amor é síntese,
uma integração de dados:
não há que tirar nem pôr.
Não me corte em fatias,
(ninguém abraça um pedaço),
me envolva todo em seus braços
E eu serei perfeita, amor!


Fonte: http://www.batistadobraga.org.br

terça-feira, junho 08, 2010

Dois poemas do Pr. Josué Gonçalves

*

Bendito Pão

Ao cair em mim, lembrei-me
De onde saí e de onde eu vim.
Sobrava pão, a fome logo ia embora.
Todos nutridos e bem servidos diziam:
Que homem bom é o nosso senhor!

Bendito pão, bendito patrão.
Por ser generoso tem provisão.
Não falta, até sobra...
Este é o segredo da multiplicação!

Na minha mesa sobrava.
O pão não era problema.
Hoje a fome me devora.
Falta pão, meu estômago chora!

Não tenho outra saída:
Voltar é a melhor escolha.

Tomei o caminho de volta,
Cheguei à casa do pão.
A mesa foi preparada.
Que bom estar onde tem coração!
Pão de trigo. Pão de amor,
Pão de carinho...
Pão de um pai que deixa o filho que saiu,
Voltar para o seu ninho!



Radiografia da Alma

Cheguei agora do campo.
Ainda não entrei;
A casa está cheia,
O clima é de festa.
Minh’alma vazia,
Sem brilho, sem graça, dizia:

Que música é essa?
Teu irmão voltou!

Todos celebram;
A minh’alma chora.
A inveja se apresenta, e me diz:
Chegou a tua vez; vai embora.

Atrás de mim, logo percebo
A presença daquele que me gerou.
Há um brilho em seus olhos,
Enquanto minh’alma reclama,
A dele festeja, canta e, de alegria, chora.

Vamos, meu filho.
A festa reclama sua presença.
Vença a mesquinhez,
Pise no orgulho,
Despreze a inveja,
Deixa a luz entrar em tua alma.
É tempo de alegria, júbilo e festa.

Não sei se entro ou vou embora.
Perdi o rumo, estou sem graça.
Sei que preciso entrar,
Mas não consigo aceitar.
A festa não é minha.
Eu prefiro aqui fora esperar.

Filho, tudo o que é meu lhe pertence.
Entrar ou não, você decide.
Se escolher aqui fora ficar,
Uma marca você vai deixar.

“Quem não vence a inveja,
Torna-se um escravo da mediocridade!”

Extraídos do livro “Poderia me vingar, preferi abraçar”, Pr. Josué Gonçalves, Editora Mensagem para todos

Via site da Igreja Batista do Braga

sexta-feira, junho 04, 2010

Um poema de Lusimar Maria de Biasi

*

O Poeta Cristão

O poeta chora e se magoa
Pensa, reflete, não fala à toa
Fica sério, sorri - ele é feliz
Penetra no mais fundo mistério
É inteligente, vive o que diz

Às vezes sente-se infeliz
Mas volta o seu coração
Para a Fonte do perdão
Esse é o poeta cristão

Pensa no que fez Deus
Colhe tudo que aprendeu
Sobre a vida, sabe amar
No oceano do espírito
Fica a meditar

O poeta é sincero
Fala do que sente no viver
Sofre com seu próximo
Sem pensar, em nada receber

Fica pensativo quando deita
E quando acordado.
Não revida ao que sente
É compassivo e persistente
Em sentir e falar dos sentimentos
O poeta é assim: não pode odiar
Dar sempre, um sorriso um olhar

Ama o dom que Deus lhe deu
É como correntes de águas
A fluir do íntimo seu

O poeta é como um leão.
Busca a poesia debaixo do chão
No céu, no mar, na criança a sorrir
No velhinho sentado no banco da praça
Medita e vê tudo que se passa...

A brisa, a lembrança da mocidade
O poeta é gente
Ele sente saudade também
Tem na mente o alguém
Que o fez cheio de melancolia
Ele tem no íntimo agonia

Mas é forte, lembra do seu Criador
E sabe que nele Deus pensou
E tem um dom sublime
Ele tem uma forte sensação
É o presente o passado e o futuro
Enfim o poeta nasceu
Para viver... morrer
E renascer na eternidade!

terça-feira, junho 01, 2010

Um ensaio sobre o Silêncio Poético


Ensaio sobre o Silêncio Poiético, de J.T.Parreira

Uma só palavra pode trazer ao poema a força que se pretende lograr, por vezes, com dois ou três versos, frequentemente salva mesmo o poema do pastiche ou déjà vú. A palavra certa, que corresponde psicologicamente, e semanticamente sobretudo, ao que o poeta quer dizer. Todo o poema se sente nessa palavra, numa palavra média, como tal no exemplo seguinte:

“Ao longe com o vestido como sombra / passava, carregada de mágoa / (...) pendurada / no cântaro passava. // É a mulher samaritana / que vai ao poço de Jacob / buscar o silêncio da água.” (poema A Samaritana)

Clique aqui para ler na íntegra no blog Poeta Salutor
 
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