domingo, novembro 30, 2008

Um poema de Mário Barreto França - ANDANDO SOBRE O MAR


ANDANDO SOBRE O MAR*

Depois que o Salvador deixou a multidão
A comentar dos pães a multiplicação,
Subiu ao monte e, ali, ficou a contemplar
A beleza do céu e a poesia do mar,
Sentindo o coração pulsando confortado
Pelo grande milagre há pouco realizado,
Sabendo que o fizera apenas pelo amor
Que sempre dedicara ao pobre pecador,
Fazendo reflorir na paz e na alegria,
A vida que murchava à dor de cada dia,
E fazendo brotar, numa festa de rosas,
Os tristes corações e as almas dolorosas...
E foi talvez ali, naquela solidão,
Que Jesus recitou a mais doce oração...

Caía a tarde. Ao longe, um barco navegava;
Soprava a ventania, o mar se revoltava
E as ondas a rolar, ameaçadoramente,
Pareciam querer tragá-lo, de repente...

Os discípulos seus estavam lá – coitados! –
Pelo negro terror da morte dominados...
Pescadores leais – homens do mar – como eram,
Diante da tempestade eles logo souberam
Que já não lhes restava a mais leve esperança...
Tudo estava perdido, a não ser que a bonança,
Por milagre de Deus, não tardasse demais...

E Jesus, que do monte os contemplava em ais,
Moveu-se de piedade e veio, devagar,
Leve, como a virtude, andando sobre o mar...

Quadro maravilhoso aquele! Quadro lindo
Que o tempo consagrou com seu valor infindo!
Nem as famosas mãos dos grandes escultores
Nem o gênio dos mais afamados pintores
Poderiam gravar, no mármore ou na tela,
Aquela aparição divinamente bela:
- O céu encapelado, o céu a lampejar
E Jesus, muito leve, andando sobre o mar.

No seu medo, porém, os discípulos vêem
Apenas um fantasma a lhes surgir do Além.
Mas, tal como a bonança esplendorosa e pura,
A voz do Salvador soou-lhes com doçura:
- “Não temais, que sou Eu! Tende ânimo, porque
O Pai, que tudo sabe, o Pai que tudo vê,
Sentiu a vossa angústia, ouviu vossa oração
E vos mandou, por mim, a sua redenção.”

Então Pedro exclamou: - “Se és tu, ó Mestre amigo,
Se és tu mesmo, Senhor, manda-me ir ter contigo!”
E Ele lhe disse: - “Vem!”
Pedro seguiu, mas logo
Vacilando, gritou – “Senhor, eis que me afogo!
Ó salva-me, Senhor!”
E o Mestre o segurou
E, muito paternal e calmo, lhe falou:
- “Por que tu duvidaste, homem de pouca fé?
Tem ânimo! levanta e firma-te de pé!
Pois aquele que crê e é salvo pela graça
Pode ordenar ao vento... e a tempestade passa...”

E, entrando ambos no barco, o mar ficou sereno,
Como a própria expressão do Nazareno...
O céu torna-se azul; cessou do vento o açoite;
E a lua, que surgiu para o esplendor da noite,
Era a coroa astral de Deus no firmamento,
E o símbolo de luz do Novo Testamento...

E os discípulos vão, agradecidamente,
No íntimo elevando aos céus a prece ardente,
Libertos afinal do peso das agruras,
Aprendendo do Mestre, à luz das Escrituras,
As mais belas lições e os conselhos mais sábios,
Sentindo os corações sem mágoas nem ressábios:
Claros – como o esplendor balsâmico do luar,
Leves – como Jesus andando sobre o mar.

In: Sob os Céus da Palestina, Editora JUERP: Rio de Janeiro, 1971

*Poema muito pedido pelos leitores. Finalmente publicado...


Aproveitando: vocês repararam na ilustração? É do pintor, desenhista e ilustrador francês Gustave Doré (1832 - 1883). Doré ilustrou maravilhosamente dezenas e dezenas de passagens bíblicas, e caso você queira ver (e usar, pois estão em Domínio Público) mais obras dele, visite este link: http://www.creationism.org/images/DoreBibleIllus/

terça-feira, novembro 25, 2008

Três poemas de Wolô (Wolodymir Boruszewski)


Restaurando o contrito

Enquanto minha alma derramo
Diante do trono da graça
Escuto uma voz que me abraça:
Sossega, meu filho, eu te amo

Acalma o soluço sofrido,
Que manso chegou ao ouvido
Daquele que ama o contrito
No dia da Paz ou do grito

A lágrima limpa que brota
Denota um espírito santo
O pranto que Cristo desperta
Liberta o filho da derrota

E agora, passado o assombro,
Repousa tranqüilo em meu ombro;
Do amor deste instante sagrado
Escreve em teu peito um recado:

Por amor a meu Pai amoroso
Abandono esse andar cambaleante
Enxugando meus olhos, com gozo,
Posso ver o meu alvo adiante

Sem olhar para trás eu prossigo
Pois Jesus leva o fardo comigo
E em erguendo meus olhos avisto
O encontro perfeito com Cristo.


NÓS DESATADOS

Por que me amarro neste cais?
Por que me escondo no porão?
Se o mar aberto é muito mais
E o céu aberto imensidão
Nem sei...
Por que me amarro ao verbo ter?
Por que me escondo tanto assim
Nas aparências do poder
E me encolho dentro em mim?
Se o unigênito de Deus
De seu poder se esvaziou
Mas no barquinho para os seus
O mar e o vento aquietou
Já sei!
A quem criou os céus e o mar
A quem seu próprio Filho deu
Meu coração vou entregar
Navegar, voar, ser seu.


QUE TAL NÃO MATÁ-LO MAIS?

Na alma essa calma que invade e me atrai
Na mente somente a vontade do Pai

No olhar a brilhar um sorriso Natal
No gesto um protesto um juízo final

No espírito um lírio sublime e feliz
No corpo o martírio de um crime que eu fiz

Em tudo o conforto da luz-salvação
Contudo foi morto na cruz qual ladrão

Mas hoje vive para nossa paz
Que tal não matá-lo mais?

Mas hoje vive pra quem nele crê,
e quer vir nascer em você.

Para ler mais poemas e letras de músicas do autor, acesse a comunidade dele no Orkut Clicando Aqui,
ou clique aqui, para acessar a página do autor no Recanto das Letras.

quinta-feira, novembro 20, 2008

Dois poemas de Johann Killing


Entrevista de emprego

Bom dia, Senhor Presidente!
Posso me sentar na cadeira?
Desculpe a minha maneira,
Sempre falo espontaneamente.

Pois não, sente-se, à vontade,
Não tenho problema com isso,
Contanto que ouças, submisso,
E não me interrompas a frase.

Eu agradeço tua cordialidade,
E de pronto peço que atentes
Às qualificações imponentes
Que aqui estão, neste encarte.

Alcancei um altíssimo cargo
Na empresa em que me acho.
Estou quase que logo abaixo
De nosso presidente amargo.

Amargo? Digo mais, ingrato.
Não sabe como me empenho
Como um escravo no engenho,
Como para negócios tenho tato.

Então eu ouvi falar no Senhor,
Que aqui valeria mais a pena;
Que a carga não seria amena,
Porém a isso não vou me opor.

Ouça bem, minha cara criatura:
Tudo aquilo que tu já estudaste,
Bom, existe um grande contraste
Com o que temos aqui, de postura.

Portanto, esqueça teu currículo,
Desculpe, mas ele vai pro lixo.
Eu também não quero ser prolixo,
Nem fazer um discurso ridículo.

Onde trabalhaste, na Erro Ltda.,
O chefão trabalhou muito comigo,
Mas um certo dia pensou consigo
Que minha glória devia ser tomada.

Quando ele finalmente caiu na real,
Caiu do seu posto, perdeu o emprego
E para acabar com o meu sossego
Criou a empresa concorrente infernal.

Viveste para Erro, mas deves mudar.
Se queres viver para Justiça Iltda,
Tua visão geral deve ser alterada,
Pois aqui é diferente do outro lugar.

Nossos valores aqui são verdadeiros,
Pois a própria Verdade trabalha aqui.
Se antes costumavas pensar só em si,
Agora deves ser sempre o primeiro...

...a ceder. Tu terás que ralar como lá
E vou logo dizendo sobre teu salário:
Ele não é imediato, mas nem temporário,
Pois o que ganhares para sempre durará.

E aquilo que conquistaste sofridamente,
Teu digníssimo, e até invejável posto,
Bom, aqui no meio da plebe serás posto
E serás exaltado, sendo humilhada gente.

Se pensas que és digno de mais conforto,
Que és bom, ou quiser tomar minha glória,
Eu proponho que ames a traidora escória
E a resgates com amor de seu caminho torto.

Tentes perdoar, entregando a si próprio,
Se fazer, então, maldição em seu lugar,
Tornar-se publicamente alguém vulgar,
Por alguém que nem consegue ficar sóbrio.

Enfim, o mundo ao qual estás acostumado
É diferente do nosso mundo na Justiça.
Não precisa mostrar experiência postiça,
Não precisa nem ao menos ser um letrado.

Pois todo o processo de adesão foi feito.
Já está consumado todinho esse processo.
E é essa esperança que agora eu professo,
Que se largares tudo, podes ser perfeito.

Senhor Presidente, não quero ser cético,
Porém devo dizer que não vejo um sentido
Que pudesse fazer com que eu fosse atraído
A aceitar abertamente algo tão patético.

Eu entendo, jovem, e para tratar disto
Que peço que converses com meu amigo
Doutor Espírito Santo, que, já te digo,
O ajudará a entender melhor o Cristo.

Última coisa: quem me recomendou, afinal?
Bom, na verdade, eu li algo a teu respeito
Em um livro em casa, que estava no parapeito.
Escuta, filho, este livro te será essencial.


1Ts 5.2

Comecei, finalmente,
a fazer minha mala
Numa daquelas tardes
em que o mundo se cala;
Daquelas que tsunamizam
Para cima de ti
Idéias, respostas coerentes,
Que te põem a refletir;
Essas tardes em que
Se esquece o mundo,
Se reconhece que já
É moribundo,
Pois num instante respira saúde,
No próximo, então, se desilude
E é atropelado pelo trem da morte,
Como por um felino de grande porte.

Minha mala já está pronta.
Dentro, minha alma, de ponta a ponta.
Não cabe mais nada, nem meu ego,
Que eu julgava ser pequeno, como um prego;
Nem todas minhas honráveis posses,
Felizmente também não minha tosse;
"Só o essencial"- disseram - "Só o eterno.";
(Já vi que vou ter que deixar meus ternos)
Nenhuma roupa sequer que me encorpe,
Mas que nudez lá não será torpe.
Não marcaram horário comigo,
Mas "o mais depressa possível, amigo".
Parece que o trem só passa uma vez,
Esse trem não vem "de três em três".

A catraca é minuciosamente
Segregadora de nossa gente,
Pois ela serve, além do mais,
Como um detector de mortais.
E esses são, então, retidos,
Pois retidão nunca lhes fez sentido.
A catraca, um madeiro sujo, meu Deus!,
E uma inscrição sangrenta: Rei dos Judeus.

Ouvi um jovem anunciando que está perto,
Pessoas correm, como se algo fora descoberto.
Penso estar pronto, mas não sei para o quê.
"A passagem é presente de Deus para você"
Estranha a placa, tem outra que fala:
"Uma boa viagem para ti e tua mala"
Opa, li errado: "[...] para ti e tua alma"
Preciso pensar nisso com calma.
Alguém disse que após a catraca não há volta,
Mas essa minha ignorância me revolta,
Pois nem conheço o tão esperado destino,
Ouvi falar algo parecido quando era menino
E, hm...será que eles esperam pelo Cristo?
E todas essas pessoas estão aqui por causa disto?
Ué, mas não foi provado que foi só homem?
Existem tantos pregadores que do nada somem,
Com tudo o que sempre negaram, se envolvem,
E "das corruptas iguarias do rei comem"!

Como devo amar um Deus ausente?
Que Promete bênçãos, mas somente mente?
Mata com ondas mares de inocentes,
E ainda se chama de benevolente.
Para mim, esse Cristo nem existe.
Concordo até com o Nietsche
E eu acho até meio triste
O quanto esse povo insiste.
Para mim, só acredito vendo
E por isso é que sempre contendo
Com qualquer um chamado reverendo.

Ali na entrada, para mim já a saída,
Um pregador popular a falar resumida,
Mas firmemente sobre sua vida perdida,
Confessa seu testemunho de vida,
De forma pausada, sofrida.
Depois parte em despedida,
Da platéia atéia atingida.
Sigo-o um pouco até a catraca.
Em seu blusão, uma inscrição já fraca:
HARVARD UNIVERSITY, hm...um intelectual,
Mas até aí, até Einstein foi parcial:
"O caro Deus não joga dados".
Fico de repente encucado.

Acho Sagradas Escrituras no chão,
Devem ter escapado de algum cristão, da mão.
Me certifico: não chegou o trem
Me sento de costas, enquanto ele não vem.
Começo a ler o livro como a um lançamento,
Minhas malas ali no canto, ao relento.
(Acabei trazendo várias, pois meu ego
Não coube numa só, não nego.)
Me mantenho a todo momento
Alerta e bem atento
Tanto à leitura, quanto ao trem,
Para saber quando ele vem.
Me sinto estranho, um Espírito me invade,
Mas ele respeita minha privacidade.
Ele invade com consentimento meu,
E começo a entender essas coisas de Deus.
Quanto mais leio, mais entendo,
Faz sentido para mim, vou cedendo
Me sinto repentinamente sedento
De correr atrás de Deus, e não mais do vento.

O trem, entendi, a catraca também.
O pregador intelectual me fez bem.
A pressa dos crentes parece relevante,
Minhas malas desapareceram num instante,
Estou pronto, ansioso pelo lugar para onde vou,
Levanto, olho adiante, desmaio, o trem já passou.

Visite o blog do autor: http://antiapostasy.blogspot.com/

sábado, novembro 15, 2008

Dois poemas de Mário Barreto França


ORAÇÃO
*
Senhor! Não olhes para as minhas faltas
Nem pra maldade do meu coração,
Mas dá-me, dessa altura em que te exaltas,
O teu doce perdão!

Liberta-me, Senhor, desses venenos
Que os bons costumes corrompendo vão...
E me concede uma migalha, ao menos,
De tua perfeição!

E se algum dia algum desejo infame
Quiser lançar-me para a perdição,
Castiga-me, Senhor, pra que eu te chame
No incenso da oração!


CONFISSÃO
*
Senhor, pelos meus males torturado,
Venho prostrar-me, súplice, a teus pés:
Na luta entre as virtudes e o pecado
Eu sofri o mais trágico revés.

O Bem do alto da cruz me convidava
Para cumprir a esplêndida missão
De levar o consolo a quem chorava
E, a quem se arrependia, o teu perdão.

Mas, no gozo da vida adulterada,
Com mil promessas me tentava o Mal;
E foi tal a atração a mim causada
Que fui vencido em luta desigual...

De então, eu tenho sido tão perverso,
Tão desobediente a Ti, Senhor,
Que, custo a crer, houvesse no universo
Alguém mais desgraçado e pecador...

Os males que causei a tanta gente
E a dor que a tantas almas provoquei,
Não serão compensadas, igualmente,
Por tudo que, decerto, sofrerei...

Senhor, eu me confesso e te suplico
O perdão para os males que já fiz:
Que só de tua graça eu seja rico,
Que só por teu amor seja eu feliz!

segunda-feira, novembro 10, 2008

Um poema de Mário Wilson Pereira do Amaral


Um Poema Congregacional

A terra que se chama Brasil
Por Deus estava preparada
Faltavam semeador e a semente viva
Para a terra ser semeada

D. Pedro II, o Imperador do Brasil,
Desejava aumentar a população
Recebe muitos imigrantes
Visando ao progresso da nação

Em Maio de 1855,
Chega da Inglaterra uma embarcação
Trazendo um casal de semeadores
Que trazia a semente da salvação

Eles se instalaram no Rio de Janeiro
Mas não houve adaptação
Deus os leva para Petrópolis
Pois era o plano do seu coração

Em 19 de agosto do mesmo ano,
Iniciam a semeadura,
A corações puros de crianças,
Semeiam a semente pura

Pela primeira vez em língua nacional
O genuíno Evangelho é pregado
Chuvas de bênçãos descem sobre o Brasil
O campo começa a ser semeado

O primeiro casal de missionários,
Dr. Kalley e dona Sara,
Foi usado por Deus
Para abrir as portas da seara

O campo é muito fértil
E logo começa a frutificar
O caminho está aberto
Outros obreiros começam a chegar

Como era de se esperar,
Ocorria perseguição
Havia solo pedregoso
Onde a semente tinha rejeição

Mas era plano de Deus
Sua Igreja no Brasil instalar,
E na capital do Império
A igreja evangélica vai brotar

Surge então na corte do Império
A primeira Igreja Evangélica Congregacional,
A igreja Fluminense
Uma igreja nacional

A seara brasileira
Ainda não foi toda colhida,
Tem lugares no Brasil
Que ainda não conhece a vida

Já se vão mais de 150 anos
E não vamos parar de trabalhar
A seara é muito grande
Há muitas almas para salvar

Se você não pode ir ao campo,
Um missionário pode enviar
Há muitos deles trabalhando
Procure a um deles ajudar

O trabalho que Kalley e Sara começou
Nós devemos continuar
E o Evangelho genuíno de Cristo
Ao Brasil devemos levar.

In Revista Atitude Missionária #18, publicada pelo Departamento de Missões da Igreja Congregacional

quarta-feira, novembro 05, 2008

Três poemas de Ariovaldo Ramos


Conversas com Deus

Conversas francas com o nosso Senhor;
Que são, eu o espero, reverentes.
Tornam, de fato, bastante patentes,
Crises de mui sério inquiridor.

Coisa, até um tanto, resolvida:
Questões de teologia e pessoais;
Perguntas, aparentemente normais,
De quem confronta essa cara vida.

São as respostas que tenho buscado,
E os fatos que tenho questionado,
Os tais que, me desculpem os ateus,

Ainda que a eles não pareça,
Por mais mesmo, que a dúvida cresça,
É bem melhor perguntar para Deus.


Misericórdia

Reconheço e sei que estão em postos
Mui diferentes projetos de vida
Tão insignes desafios de lida
Que devem reorientar os gostos

E, entretanto, por mais que se tente
Ainda que com bastante afinco
E, eu garanto, com isso não brinco
A gente se vê mesmo impotente

O bem, então, que quero, não consigo
Pela presença de um mal antigo
E não sei se conto sua concórdia

A ineficácia desse esforço
Pela existência dum claro fosso
Me remete à sua misericórdia


Desígnios

Não sei não! Você aprontou comigo:
Numa madrugada triste e fria,
De um modo que, sei, ninguém diria,
Você levou o meu grande amigo.

Eu sei que a vida é muito breve,
Que tal qual Anchieta na areia,
Numa tênue e mui sensível teia
Você, a vida da gente escreve.

Está certo surpreendente Deus,
Afinal, os desígnios são só seus.
Recolho-me ao que me circunscreve.

Você não tem de explicar p’ra mim
E como o cronista Ibrahim...
Eu digo: “ademã”, que eu vou de leve.

Visite o site do autor: www.ariovaldoramos.com.br
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